Enquanto clubes diminuem gastos com equipe de base, SPFC e Corinthians são os que mais investem

dinheiro_39Mão no bolso – De acordo com estudo feito pelo banco Itaú BBA, baseado nos balanços anuais publicados pelos clubes, de 2013 para 2014, a soma dos que investem nas categorias de base entre os 24 maiores clubes brasileiros de futebol caiu 20%. No ano passado, essas agremiações, juntas, investiram R$ 99 milhões em suas equipes pré-profissionais, contra uma aplicação de R$ 123 milhões no ano anterior.

Os números mostram que, das três principais áreas de investimento que um time de futebol possui – estrutura (estádios e CTs), formação de elenco (compra de jogadores) e categorias de base – a última é a que menos atenção recebe.

Enquanto os 24 maiores clubes somados investiram R$ 99 milhões em categorias de base em 2014, o dinheiro gasto com compra de jogadores atingiu R$ 285 milhões, e os recursos aplicados nas estruturas dos clubes chegaram a R$ 237 milhões.

De acordo com os analistas do Itaú BBA, a situação está muito distante de ser a ideal no que se refere à composição de investimentos das agremiações. “Sem investimentos na base, os clubes ficam reféns de atletas caros, vindos de outros clubes, muitas vezes sem identidade com a equipe e a torcida e firmando contratos de longo prazo”, ressalta o estudo.

Para Cesar Grafietti, gerente de crédito do Itaú BBA e um dos autores do estudo, ao optar por investimento na base o clube deveria necessariamente formar um atleta vinculado intrinsicamente ao clube, sua história e seu modelo de jogo. Para tanto, seria fundamental ter profissionais e uma estratégia que pensasse na base como a principal fonte de atletas da equipe profissional.

Porém, conforme o gerente, não é isso que vem ocorrendo. “Hoje, pensa-se na base principalmente como fonte de atletas para serem vendidos, um dia”, alerta.

Dentro deste cenário, dois clubes são exceções: São Paulo e Corinthians. O estudo do Itaú mostra que, no acumulado de investimentos na base feitos entre 2010 e 2015, os dois clubes paulistas respondem por 39% do que foi aplicado pelas 24 maiores equipes brasileiras. Em 2014, dos R$ 99 milhões investidos na base por esses clubes, o Corinthians foi responsável por R$ 27 milhões, e o tricolor paulista, por R$ 26 milhões. O time alvinegro, inclusive, aumento em R$ 16 milhões seus investimentos em relação a 2013. Já a equipe tricolor manteve o mesmo patamar de gastos.

Logo em seguida, Santos e Cruzeiro são os clubes que enxergam na base uma necessidade, ainda que em montantes menores, entretanto compatíveis com suas realidades financeiras. A equipe da baixada santista, porém, vem diminuindo drasticamente seu investimento com as jovens promessas. Outra equipe que merece destaque é o Vasco, que nos últimos dois anos investiu cerca de R$ 21 milhões na base.

Segundo os analistas da instituição financeira, porém, tais aplicações não têm gerado o resultado que se espera. “O problema é o resultado prático desses investimentos. Quais são os atletas revelados por estes quatro clubes que despontaram com sucesso no futebol local e mundial? Naturalmente, que não se espera a formação de craques o tempo todo, mas sim de jogadores com boas qualidades técnica e tática, com fundamentos que permitam ao clube optar por alguém da Base em detrimento de uma atleta de vindo de fora”, aponta o estudo.

De acordo com a análise do banco, Lucas, Oscar e Neymar são exceções de atletas acima da média formados por estes clubes, e, mais recentemente, Lucas Lima. “Quem mais pode ser considerado bom valor revelado e realmente utilizado pelos quatro clubes que mais investem em base no Brasil? Gasta-se pouco e mal”, finaliza Grafietti. (Danielle Cabral Távora)

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