Envolvido em escândalos e sonhando ser ministro, deputado do MA puxa a claque contra o impeachment

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Com a desesperada reforma ministerial prometida para sexta-feira, 1º de abril (por enquanto não é mentira), cresceu exponencialmente nas últimas horas o número de aduladores da presidente Dilma Rousseff, que sangra no rastro de uma crise político-institucional sem precedentes.

De olho na distribuição de aproximadamente 600 cargos na estrutura do governo federal, os oportunistas não se envergonham de entoar discursos contrários ao impeachment, como se Dilma fosse a melhor governante do planeta e não tivesse cometido crimes de responsabilidade.

Na quarta-feira (30), tanto na cerimônia-comício do “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV) quanto na audiência que reuniu na Câmara dos Deputados os autores do pedido de impeachment da petista, sobraram alarifes gritando contra o impedimento e a favor da petista. Uma situação tão vergonhosa, que chegou a provocar asco.

No Palácio do Planalto, onde aconteceu a cerimônia do MCMV, na primeira fila da plateia arranjada de última hora estavam vários ministros de Estados e políticos petistas, os quais, como verdadeiros “macacos de auditório”, batiam palmas e entoavam o mantra bandoleiro “não vai ter golpe”, como se o Brasil não tivesse inúmeros problemas para serem solucionados.

Na audiência organizada pela Comissão Especial que analisa o pedido de impeachment, os últimos moicanos da chamada base aliada aproveitaram o evento para mandar recados ao Palácio do Planalto, no melhor estilo “faço a lição de casa e por isso mereço uma recompensa”.

Um desses entusiastas de ocasião é o deputado federal Weverton Rocha, do PDT maranhense, que há muito sonha em ser ministro de Estado, como se o País tivesse chegado ao final da linha. Rocha, que defende Dilma com unhas e dentes, sem qualquer rubor facial, aproveita do vozeirão para balbuciar palavras que não convencem nem mesmo os mais incautos.

No caso de Weverton Rocha a situação é ainda mais grave. Enquanto engrossa a claque de Dilma e sonha com uma vaga na Esplanada dos Ministérios, o parlamentar maranhense ainda não explicou aos eleitores do mais pobre estado brasileiro as confusões que permeiam seu currículo.

Sabem os leitores que o PDT é um dos partidos que ainda dão sustentação ao mais corrupto governo da história nacional, mas isso não é problema para os pedetistas, que já se acostumaram com escândalos protagonizados pelos próceres da legenda. Basta revisar o histórico do Ministério do Trabalho na última década.


As primeiras acusações envolvendo o parlamentar maranhense surgiram em 2011, a bordo de um esquema de corrupção no Ministério do Trabalho. À época, a revista Veja publicou reportagem denunciando que servidores e ex-servidores de órgãos de controle da pasta exigiriam comissão de 5% a 15% do valor dos convênios para resolver “pendências” nos contratos.

No mesmo ano, Weverton Rocha já respondia a sete ações judiciais por improbidade administrativa no Maranhão, sendo seis na Justiça Estadual e uma na Justiça Federal, todas relacionadas ao período em que esteve à frente da Secretaria Estadual de Esporte. As irregularidades incluíam o favorecimento ilícito da empresa responsável pela reforma de um ginásio e o desvio de mais de mil colchões destinados às famílias desabrigadas pelas enchentes no Maranhão, em 2008. Além disso, Rocha patrocinou com dinheiro público (R$ 88.054,25) a reforma de um campo de futebol da Associação dos Delegados do Maranhão (Adepol).

Em 2012, o ex-secretário foi acionado pela Justiça Federal para explicar irregularidades no ProJovem Urbano. Pelo menos R$ 3,9 milhões teriam sido desviados, segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), que apontou falha na transferência R$ 6.930.900 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a Secretaria de Esporte e Juventude (SESPJUV).

De acordo com a denúncia, Rocha dispensou, de forma indevida, a licitação para a contratação da Fundação Darcy Ribeiro (Fundar) e do Instituto Maranhense de Administração Municipal (Imam). A pena a ser cumprida era à devolução de R$ 6.098.010, perda do cargo público, suspensão dos direitos políticos e multa.

Em relação à Ação Penal 683, que trata da contratação da Fundação Darcy Ribeiro, Weverton Rocha alegou que não havia à época entidade capaz de realizar o trabalho. No caso da Ação Penal 700, que tem como cardápio jurídico a contratação de empresa para transportar atletas pelo estado, Rocha alegou que “houve contrato com a única empresa que se apresentou no certame”.

Em 2013, o Supremo Tribunal Federal decidiu intensificar as investigações sobre a cobrança de propina no âmbito do Ministério do Trabalho para a liberação de recursos destinados organizações não governamentais (ONGs). Weverton Rocha, segundo a denúncia, estaria envolvido no esquema que resultou na queda do presidente do PDT, Carlos Lupi, á época ministro da pasta. O inquérito apura o desvio de recursos públicos e corrupção na contratação de ONGs entre 2007 e 2011.

Em outro vértice desse caldeirão de escândalos surge a Federação do Desenvolvimento das Organizações do Terceiro Setor do Maranhão (Fedecma), Ong comandada por Marileide Rocha, mãe do deputado Weverton, que contratou com recursos do Ministério do Trabalho – comandado por pedetistas – terreiro de umbanda para capacitar jovens em massagem, relaxamento e depilação.

No momento em que o Brasil precisa ser passado a limpo com urgência, a presidente Dilma Rousseff não se importa em despejar sobre o próprio governo um manto de dúvidas e desconfianças. É fato que no País ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória, mas a moralidade é a pedra fundamental de uma República, desde que os que a comandam respeitem a tese de que à mulher de César não basta ser honesta, mas parecer como tal.

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