Escândalo de corrupção na Vivo serve para compreender o funcionamento do caixa do Mensalão do PT

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No mundo dos negócios “não tem almoço de graça”, mesmo que o convidado não tenha que colocar a mão no bolso. E como prega a sabedoria popular, “quando a esmola é muita até o santo desconfia”. A operadora de telefonia Vivo está à sombra de um escândalo de corrupção que pode ter provocado um prejuízo de R$ 27 milhões à empresa.

A Vivo adotou um silêncio quase obsequioso e não comenta a demissão de Cris Duclos, então diretora de imagem e comunicação da empresa, após suspeita de superfaturamento de campanhas publicitárias. Duclos estava na companhia desde 2008 e acabou desligada no dia 13 de junho, mas só agora o assunto veio à tona.

Suspeita-se que Cris Duclos usava as pelo menos três agências de publicidade que atendiam a empresa – Africa, DPZ&T e Young & Rubicam – para superfaturar as campanhas publicitárias, sendo que parte do valor pago a maior seria destinado à executiva em forma de propina. Segundo informações ainda não confirmadas, parte desse dinheiro sujo teria sido usada para pagar o aluguel de uma mansão em condomínio de luxo no interior de São Paulo.

A ousadia dos protagonistas do esquema era tamanha, que o marido de Duclos, Ricardo Chester, era contratado pelo grupo da agência Africa e recebia remuneração muito acima da média do mercado e também da equipe da qual fazia parte.

O publicitário Nizan Guanaes, fundador da agência Africa, ao ver seu nome e o da empresa arrastados ao cerne do escândalo, teria pressionado alguns veículos de imprensa para omitir o caso, segundo informa a Rádio Jovem Pan. A se confirmar essa informação, Nizan simplesmente arruinou a carreira, principalmente porque o Brasil vive um momento em que a ética é diuturnamente cobrada pela sociedade. No meio publicitário comenta-se de forma reservada que Cris Duclos era pessoa da máxima confiança de Guanaes, o que piora sobremaneira a situação do empresário.


Campanha superfaturada não é novidade no meio publicitário, principalmente quando o cliente é algum órgão governamental. Nesse caso específico o sobrepreço acaba ocorrendo porque a política brasileira acostumou-se a não funcionar sem o pagamento de propina. O que pé absolutamente condenável.

Contudo, o escândalo envolvendo a Vivo, uma das gigantes da comunicação controlada pela espanhola Telefonica, serve como exemplo para confirmar inúmeras matérias do UCHO.INFO publicadas durante a CPMI dos Correios, em 2005, e ao longo dos últimos anos.

O caixa criminoso do Mensalão do PT, primeiro escândalo de corrupção da era Lula, não foi abastecido apenas com dinheiro desviado da Visanet, até porque o montante era pouco para saciar o apetite dos parlamentares vendidos e também de integrantes do alto escalão da legenda. No caixa comandado à época por Marcos Valério Fernandes de Souza, que cumpre pena de prisão na esteira da Ação Penal 470, campanhas publicitárias foram superfaturadas para gerar recursos que na sequência foram destinados à corrupção.

Coincidentemente, as campanhas superfaturadas eram também de empresas de telefonia, cujo controlador precisava se aproximar do staff do Palácio do Planalto. O objetivo era abrir portas nos fundos de pensão de estatais, a maioria controladas por integrantes da esquerda.

Em tese os orçamentos das campanhas seguiam o padrão de custo do mercado publicitário, mas os sobrepreços, devidamente autorizados pelo cliente, serviram para corromper autoridades palacianas, que por sua vez interferiram para que fundos de pensão participassem como acionistas das empresas de telefonia.

Na ocasião, o editor do UCHO.INFO sofreu várias ameaças após denunciar o esquema aos integrantes da CPMI dos Correios, tendo, inclusive, um integrante da família sequestrado como forma de intimidação. Mesmo assim, diante da violência do principal envolvido no esquema, cujo nome este portal está proibido de mencionar por decisão arbitrária da Justiça do Rio de Janeiro, resistimos até agora por acreditarmos nas informações que divulgamos pelo compromisso de passar o País a limpo.

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