Escoceses vão às urnas para decidir sobre independência

escocia_02Sim ou não – Os colégios eleitorais na Escócia abriram suas portas às 7 horas da manhã (horário local), dando a largada para o referendo. Enquanto isso, cerca de 50 mil voluntários dos dois lados, do “sim” e do “não” à independência, tentam convencer os últimos indecisos e, caso necessário, levá-los aos locais de eleição em carros particulares.

De acordo com a responsável pela organização do pleito, Mary Pitcaithly, acredita-se que haverá um comparecimento recorde às urnas. Das 4,2 milhões de pessoas com direito de votar, 97% se registraram, um número consideravelmente maior do que o observado em eleições parlamentares comuns. Até entre eleitores de primeira viagem, aqueles com idades entre 16 e 20 anos, 87% se registraram para votar – uma taxa que chega a espantar até cientistas políticos em Edimburgo.

Entre os escoceses, portanto, não há sinal de apatia ou de desencanto político. “Esse será o maior acontecimento democrático da história da Escócia”, aclamou na noite desta quarta-feira o presidente do Partido Nacional Escocês (SNP) e primeiro-ministro, Alex Salmond, durante o encerramento de um evento da campanha pelo “sim” em Perth.

“Só uma vez na vida”

Salmond, que por anos lutou pelo referendo sobre a independência, fez um apelo aos seus seguidores: “Vocês têm a chance de suas vidas. Não deixem de usá-la!”. Ele prometeu uma Escócia economicamente bem sucedida, não mais sujeita às ordens do “governo de Westminster” em Londres. O governo britânico, segundo Salmond, só concordou com o referendo porque acreditava que os escoceses não iriam se rebelar. “Eles estavam confiantes demais”, disse o premiê diante de milhares de apoiadores.

A última pesquisa de opinião realizada pelo instituto Ipsos Mori indicou que 49% eram favoráveis à independência, enquanto que 51% apoiavam a permanência da Escócia no Reino Unido. Diante da disputa apertada e dos ao menos 8% de indecisos, os pesquisadores concordam que é impossível prever os resultados com precisão.

“Sim, estou nervoso. Qualquer pessoa que se preocupa com o Reino Unido está nervosa”, admitiu o primeiro-ministro britânico, David Cameron, no canal público de televisão BBC.

“Também é a nossa Escócia”

Nos últimos dias, a campanha pelo “sim” ganhou os ares de uma luta pela liberdade. A campanha pelo “não” rejeita a proposta com o argumento da já considerável autonomia tida pela Escócia. O fato de o país ter um governo e um parlamento próprios, e inclusive um referendo, mostra que os escoceses não são oprimidos, disse um parlamentar dos social-democratas durante o encerramento de um comício dos contrários à separação, em Edimburgo.

O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que quem ama a Escócia deveria votar pelo “não”. “Patriotismo não é uma exclusividade dos outros. Não é o país deles. É o nosso país também.” Brown alertou ainda que uma Escócia independente seria economicamente e politicamente mais fraca. Haveria muitos riscos. Cameron ofereceu mais concessões ao país, caso os escoceses optem por continuar no Reino Unido.

Noite longa, resultado apertado

Escócia e Reino Unido preparam-se para uma longa noite de votações. Os colégios eleitorais fecham às 22 horas. Não serão divulgados resultados preliminares, e não haverá pesquisas de boca de urna nos locais de votação.

Ao longo da noite, os resultados dos 32 centros regionais da Escócia serão encaminhados ao centro de convenções Highland Hall, nas proximidades do aeroporto de Edimburgo. É lá também que serão conferidas e contabilizadas as 700 mil cédulas de votação. O resultado será conhecido por volta das 5 horas da manhã (hora local) – ou quando um dos lados definitivamente ultrapassar a marca de 50%.

Um dos primeiros resultados esperados deve vir das ilhas Orkney, no norte do país. Lá existe um colégio eleitoral com apenas 120 eleitores. As urnas de dezenas de ilhas dos arquipélagos de Hébridas, Shetland e Orkney, que pertencem à Escócia, deverão ser coletadas com a ajuda de balsas ou aviões. “Apenas o mau tempo pode impedir a contagem dos votos. Fora isso, está tudo bem organizado”, prometeu Pitcaithly. (Deutsche Welle)

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