Especialista em desgoverno, Sérgio Cabral usa assunto pessoal para tentar abafar tragédia do bonde

(Foto: Gabriel de Paiva - Agência O Globo)
Cortina de fumaça – Fanfarrão conhecido, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), continua desdenhando a opinião pública. Horas depois do acidente com o bonde de Santa Teresa, no último sábado (27), que matou cinco pessoas e deixou outras cinquenta feridas, peritos afirmaram preliminarmente que a causa da tragédia estava relacionada com a falta de manutenção do veículo.

A exemplo do que sempre acontece em tragédias semelhantes, não demorou muito para que autoridades fluminenses colocassem a culpa no condutor do bonde, que morreu no acidente. Na sequência foi a vez do secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, afirmar que todos os bondes só fazem o trajeto depois de passarem por rigorosa manutenção.

Como o forte dos integrantes do governo do Rio não é combinar a mentira com antecedência, o governador Sérgio Cabral reconheceu que os bondes de Santa Teresa estão sucateados. O que explica um arame encontrado no sistema de freio do veículo acidentado, que substituiu um parafuso.

Criar factóides para abafar escândalos é a especialidade de qualquer governante experiente. E Cabral Filho não fugiu à regra. Com o caso ganhando repercussão na mídia, o governador fluminense tratou de anunciar publicamente que reatou com a mulher, a advogada Adriana Ancelmo, de quem se divorciara em 5 de julho passado. Trata-se de um oportunismo barato e condenável, pois a novamente primeira-dama já havia acompanhado o governador em viagem oficial ao exterior.

Acontece que a estratégia do inquilino do Palácio Guanabara não funcionou a contento. Um protesto de moradores, que teve lugar no Largo da Carioca, tomou conta das comemorações dos 115 anos do bonde de Santa Teresa.