Esposa do senador que pede a cassação de Jucá foi condenada à prisão e está foragida

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Se há um cenário onde prevalece o dito popular “faça o que eu falo, não faça o que eu faço”, esse é a política nacional. Desde que a processo de impeachment de Dilma Rousseff aterrissou no Senado Federal, após ser aprovado na Câmara dos Deputados, o senador Telmário Mota (PDT-RR) vem se destacando pela defesa persistente e desmedida que faz da presidente afastada. Tanto na Comissão Especial do Impeachment quanto no plenário do Senado, Telmário não se furtou de condenar o processo e afirmar que Dilma era vítima de um golpe.

Com o imbróglio envolvendo o senador Romero Jucá (PMDB-RR), apeado do Ministério do Planejamento por causa de diálogo inadequado com Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro), não demorou muito para oportunistas surgirem em cena a bordo de discursos moralistas. Um deles foi Telmário Mota, que protocolou no Conselho de Ética do Senado representação contra Jucá, seu adversário político no estado de Roraima.

Antes de protocolar o documento, Telmário disse que sua decisão visava proteger o Senado, que não pode “ter a imagem maculada por atos nada republicanos”. Entre o que o pedetista roraimense fala ao criticar Romero Jucá e o que ele próprio vive em termos políticos há uma considerável diferença.

Telmário Mota quer que o Senado casse do mandato de Jucá, assim como aconteceu com o agora ex-senador Delcídio Amaral, que foi para a fila do abate político depois de fechar acordo de colaboração premiada no escopo da Operação Lava-Jato. Nos depoimentos prestados às autoridades, Delcídio acusou vários parlamentares de envolvimento no maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o malfadado Petrolão.


Em outro vértice da vida de Telmário, a cartilha do cotidiano mostra um senador inerte diante das falcatruas que acontecem na órbita da própria família. Casada com Telmário Mota, a ex-deputada Suzete Macedo de Oliveira foi condenada a seis anos e oito meses de prisão por envolvimento em um esquema criminoso de desvio de verbas públicas, conhecido como “Escândalo dos Gafanhotos”.

Desarticulado em 26 de novembro de 2003, o esquema criminoso “empregou” mais de 6 mil “funcionários fantasmas”, cujos salários eram repassados a deputados estaduais e outras autoridades locais em troca de apoio político.

O “Escândalo dos Gafanhotos” desviou mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos, durante o período em que Neudo Campos (PP) era governo do estado. Neudo teve a prisão decretada pela quarta vez somente neste ano e entregou-se às autoridades na manhã desta terça-feira, após ser considerado foragido.

Suzete teve negado, pelo Tribunal Regional Federal (TRF), um pedido de habeas corpus preventivo, o que ensejou a decretação de sua prisão pela Justiça Federal. A esposa de Telmário Mota continuava foragida até a manhã desta terça-feira (23).

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