Estado Islâmico afronta o Ocidente e chama de “heróis” os terroristas de Paris

said_kouachi_01 (afp)Chave de hospício – Foi preciso menos de 24 horas para o grupo terrorista Estado Islâmico pegar carona no atentado contra o jornal Charlie Hebdo, na manhã de quarta-feira (7), em Paris, ocasião em que doze pessoas morreram e outras onze ficaram feridas.

Nesta quinta-feira (8), um dia após a tragédia, a rádio do grupo Estado Islâmico qualificou como “heróis” os irmãos Chérif e Said Kouachi, autores do ataque ao Charlie Hebdo. Ambos são alvo de uma verdadeira caçada humana promovida pela polícia francesa, que estendeu para além de Paris o alerta máximo de terrorismo. Isso porque Said e Chérif, que foram identificados em um posto de combustíveis localizado no norte da França, estão fortemente armados e ainda não foram capturados.

“Os heróis jihadistas mataram doze jornalistas e feriram mais de dez outros que trabalhavam no jornal Charlie Hebdo e fizeram isto para vingar o profeta Maomé”, noticiou a rádio Al Bayane, do Estado Islâmico, que controla grande parte dos territórios do Iraque e da Síria.

Imaginar que um grupo terrorista como o Estado Islâmico tenha uma emissora de rádio para divulgar suas barbáries e propagar seu autoritarismo criminoso, sem que as autoridades nada façam para conter o grupo, pode parecer devaneio, mas aqueles que deveriam combater os criminosos e defender a sociedade aberta agem de maneira leniente, o que tem permitido o avanço do grupo em países árabes.

Procurado pelo ataque ao Charlie Hebdo, o francês Chérif Kouachi, 32 anos, é um jihadista largamente conhecido dos serviços antiterroristas franceses e foi condenado, em 2008, por participar de uma rede de recrutamento de combatentes para o Iraque. Seu irmão Said, de 34 anos, também é suspeito de participar do ataque de quarta-feira na Cidade Luz.

Nascido em 28 de novembro de 1982, em Paris, e apelidado de Abu Isen, Chérif Kouachi integrou a rede terrorista “Buttes-Chaumont”, comandada pelo “emir”‘ Farid Benyettu. A “Buttes-Chaumont” era encarregada de enviar jihadistas para combater no braço iraquiano da Al-Qaeda, à época liderado por Abu Mussab al Zarkaui.

Detido pouco antes de viajar à Síria e, na sequência, ao Iraque, Chérif foi julgado em 2008 e condenado a três anos de prisão, com dezoito meses sob liberdade condicional. Dois meses depois de retomar a liberdade, o nome de Chérif apareceu em um plano de fuga de Smain Ait Ali Belkacem, membro do Grupo Islâmico Armado Argelino (GIA) e condenado em 2002 à prisão perpétua pelo atentado que deixou 30 feridos na estação Museu d’Orsay de Paris, em outubro de 1995.

Chérif Kouachi era suspeito de ser ligado a outro integrante radical do Islã francês, Djamel Beghal, que cumpriu dez anos de prisão por preparar atentados, com quem teria aprendido técnicas terroristas. (Com agências internacionais)

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