Eunício Oliveira já é considerado eleito para a presidência do Senado, apesar das acusações na Lava-Jato

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Desde a época do Império Romano prevalece o dito de que à mulher de Júlio César (Pompeia Sula) não basta ser honesta, mas parecer como tal. Esse conceito não tem efeito no Congresso Nacional, onde os políticos acusados de corrupção e crimes correlatos ignoram o perigo que isso representa à moralidade pública.

Acusado de participação no Petrolão, maior esquema de corrupção de todos os tempos, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) deve ser eleito presidente do Senado Federal no próximo dia 2 de fevereiro. Ministro das Comunicações (23 de janeiro de 2004 a 14 de julho de 2005) no primeiro governo do petista Lula, Eunício foi denunciado pelo ex-senador Delcídio Amaral (MS), preso pela Polícia Federal em 25 de novembro de 2015 e que fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato.

Longe dos discursos moralistas de parlamentares situacionistas e da oposição, Eunício Oliveira será eleito com o apoio de todos os partidos, inclusive dos que fazem duras críticas ao governo de Michel Temer, acusado de liderar um “golpe” contra a petista Dilma Rousseff.

No momento em que o Brasil clama por uma profunda limpeza na seara política, o que de alguma maneira colaria um “freio” na corrupção sistêmica, a chegada de Eunício ao comando do Poder Legislativo é uma irresponsabilidade, pois contraria o desejo da extensa maioria da população. Não se trata de condenar o senador cearense por antecipação, mas de tentar resgatar a imagem do Congresso, corroída por uma avalanche de escândalos de corrupção.


A demora do Supremo Tribunal Federal (STF) em analisar as denúncias contra detentores de foro privilegiado no âmbito da Lava-Jato permitiu a candidatura de Eunício Oliveira, que reconhece essa pasmaceira do Judiciário como ferramenta a seu favor. Em conversa com aliados, o peemedebista admite que a morte do ministro Teori Zavascki, vítima de acidente aéreo em Paraty (RJ), reduziu sobremaneira a possibilidade de divulgação de informações comprometedoras que prejudicariam sua eleição.

Independentemente desse cenário que surge com o passamento do ministro Teori, a situação de Eunício Oliveira poderá ser dificultada mesmo após sua eleição, pois no caso de aceitar denúncias contra o peemedebista o STF terá de considerá-lo como fora da linha sucessória da Presidência da República, como aconteceu com Renan Calheiros no final de 2016.

O UCHO.INFO insiste em afirmar que a decisão do Supremo, tomada no apagar das luzes do ano passado, foi equivocada, uma vez que colocou como prioridade não o cumprimento estrito daquilo que determina a legislação vigente, mas o não acirramento da crise política que chacoalha o País.

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