FIFA garante resultado de testes antidoping da Copa do Mundo em até dois dias

(Andreas Franke)
(Andreas Franke)
Pente fino – Até 11 de junho, véspera do início da Copa, mais de 400 jogadores que devem disputar o torneio terão passado por um teste surpresa antidoping da FIFA. Durante a competição, dois atletas de cada seleção serão sorteados para fazer o controle no final de cada uma das 64 partidas. A rotina se repete a cada Mundial.

O diferente da Copa de 2014 é que as amostras de urina e sangue colhidas dos jogadores terão que viajar do país-sede até um laboratório na Suíça. Isso porque o único laboratório credenciado no Brasil pela Agência Mundial Antidoping (Wada) perdeu a licença em setembro de 2013.

Apesar da viagem, a FIFA, que vai arcar com todos os custos dos exames, garante que a divulgação dos resultados sairá em até 48 horas. “Agora que o credenciamento do laboratório do Rio de Janeiro foi revogado pela Wada, é de responsabilidade da FIFA fazer com a análise aconteça em outro lugar, inclusive os custos”, explica a entidade máxima do futebol à DW Brasil.

Segundo Eduardo Henrique De Rose, membro do conselho de fundação da Wada, o valor de um exame de doping varia dependendo do laboratório. No Brasil, a análise mais simples de urina custa em torno de 1.500 reais. Além do valor do teste, a FIFA também terá de arcar com as despesas do transporte das amostras enviadas à Suíça.

“O Brasil assumiu com tempo suficiente essa Copa do Mundo, e esse fato talvez desgaste a imagem do país. Penso que pode haver algum desgaste pelo fato de que mais ou menos mil controles de doping em um evento terão que ser mandados para a Suíça e isso tem um custo inesperado muito alto, não só econômico, como também político e de imagem”, avalia De Rose.

Apesar de a análise das amostras colhidas durante uma Copa do Mundo acontecerem no país que recebe a competição, essa não será a primeira vez que a FIFA precisa recorrer a laboratórios em outros países. Situação semelhante foi vista em outros torneios, como no Mundial de Clubes de 2013, realizado no Marrocos, no Mundial feminino sub-17, na Costa Rica, e no Mundial sub-20 de 2013, na Turquia.

Licença cassada

O Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, perdeu sua licença por não estar adequado aos padrões técnicos da agência. Segundo a Wada, a decisão foi tomada após uma revisão profunda sobre a situação do Ladetec. Essa não foi a primeira vez que o laboratório foi descredenciado. Em janeiro de 2012, ele já havia sido suspenso por nove meses.

Segundo o laboratório, as circunstâncias que ocasionaram o descredenciamento são resultado de um déficit de funcionários e de infraestrutura acumulado durante anos. Mas a instituição avalia a decisão da agência de forma positiva.

“[A decisão] reforçou a percepção das necessidades reais do laboratório e levou as autoridades a aportarem os recursos necessários para eliminação das deficiências logísticas e de infraestrutura”, informou por nota o laboratório. Os esforços necessários para a recuperação do credenciamento estariam em andamento para que os exames antidoping das Olimpíadas de 2016 sejam feitos no Rio.

Questionado sobre o porquê de não haver um preparo maior para evitar que o único laboratório credenciado pela Wada mantivesse o padrão internacional, o Ministério do Esporte afirmou que a responsabilidade do controle de dopagem durante a Copa é da FIFA.

Livre de doping

Em busca da sexta Copa do Mundo livre de doping, a FIFA iniciou em março a realização de exames surpresa entre os jogadores. Desde 1996, a entidade máxima do futebol adotou um programa de combate ao doping, e os testes passaram a ser rotina em suas competições oficiais.

“O futebol é um jogo muito complexo e é difícil dopar um atleta, porque ao aumentar determinada variável física, haverá uma redução em outras áreas”, diz De Rose.

Em caso positivo, a punição para atletas e equipes depende de uma série de fatores, como substância ilícita e quantidade de jogadores do time pegos no teste. Ela pode variar em sanções de até dois anos para o atleta e a desclassificação da seleção.

Segundo De Rose, a maioria dos casos de doping no futebol não é intencional e é causada por substâncias usadas pelo jogador para outros fins, como para perder peso. “O doping no futebol tem um forte componente de falta de instrução ou educação do atleta sobre o que ele pode usar ou não”, reforça.

Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, todos os 552 testes antidoping com amostras de urina e sangue deram negativos. (Deutsche Welle)