Fingindo não ter ouvido a voz das ruas, Eunício Oliveira pode ser o próximo presidente do Senado

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Definitivamente os políticos brasileiros não compreenderam a voz das ruas, que durante seguidos protestos cobrou o fim da corrupção e a volta da moralidade na atividade política. Como sempre afirma o UCHO.INFO, para o infortúnio da nação, no Brasil fazer política está diretamente relacionado a grandes quantias em dinheiro, muitas vezes de origem ilícita.

No momento em que a sociedade clama por uma profunda assepsia no meio político, o Congresso Nacional insiste em permanecer à sombra de conchavos e negociatas. Com a proximidade da eleição para as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, parlamentares movimentam-se nos bastidores em busca de cargos, com a promessa de apoio a esse ou aquele candidato.

Considerando que no Brasil leis são feitas para serem descumpridas, não causa espanto o fato do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) estar decidido a buscar a reeleição, mesmo sabendo que isso fere não apenas o Regimento Interno da Casa, mas a Constituição Federal.

Para justificar o seu projeto político, que contraria promessa feita por ocasião de sua eleição, Maia alega que a legislação não se aplica nesse caso, pois foi eleito para um mandato tampão. Ou seja, a interpretação de conveniência surge aplacar interesses políticos, mesmo sendo o Congresso o reduto da feitura de leis. Ou seja, o Brasil vive debaixo do fio trocado.

Do outro lado do Parlamento federal há também uma enxurrada de bizarrices. Senador pelo PMDB do Ceará, Eunício Oliveira trabalha nos bastidores para costurar candidatura única à presidência do Senado. É fato que o PMDB tem a maior bancada do Senado, o que em tese garante ao partido o direito de presidir a Casa, mas essa regra deveria dar lugar à lógica e ao bom senso.


Eunício Oliveira é acusado de envolvimento no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, tendo supostamente recebido R$ 5 milhões em propina. A acusação foi feita pelo ex-diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas, Nelson Melo, em depoimento de delação premiada. Aos investigadores da Operação Lava-Jato, Melo afirmou ter repassado repassou R$ 5 milhões para a campanha de Eunício ao governo do Ceará, em 2014, por meio de contratos fictícios.

A delação de Melo serviu de base para o cumprimento de mandado de busca e apreensão no escritório do lobista Milton de Oliveira Lyra Filho durante a Operação Sépsis (31ª fase da Lava-Jato), deflagrada em 1º de julho de 2016. Lyra Filho é apontado pelos investigadores como operador do pagamento de propina a senadores.

Apesar das negativas de Eunício Oliveira, os problemas do senador cearense não param por aí. Ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Mello Filho, em depoimento de colaboração premiada, revelou às autoridades como o dinheiro da propina saía do caixa da empreiteira e acabava nos bolsos dos parlamentares. Entre os acusados de recebimento de dinheiro ilícito estão os peemedebistas Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR).

Ainda no Senado, de olho na eleição da próxima Mesa Diretora da Casa, Renan vem conversando com correligionários para decidir o cargo que ocupará a partir de fevereiro próximo. O senador alagoano ainda não decidiu se pleiteia a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) – o que seria mais um absurdo da política nacional – ou a liderança do PMDB no Senado.

Enquanto isso, a sociedade assiste a tudo de forma passiva e quase letárgica, até porque há na agenda do cotidiano um punhado de assuntos mais importantes, como, por exemplo, o Carnaval e os nove feriados prolongados do ano. Enfim, como reza a sabedoria popular, cada povo tem o governante que merece.

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