Fisiologismo político deve atrasar aprovação de medidas para tirar o Brasil do atoleiro da crise

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Enfrentando a mais grave crise econômica de sua história, o Brasil, que um dia foi chamado de país do futuro, tem pressa. No contraponto, os políticos brasileiros parecem não se preocupar com o complexo momento vivido pela nação. Preferem cuidar dos próprios interesses a buscar soluções para o País.

Sem qualquer explicação lógica e convincente, a Proposta de Emenda Constitucional 241, a PEC do Teto de Gastos, está pronta para ser votada no plenário do Senado, em dois turnos, como exige a legislação, mas isso só deverá acontecer em 13 de dezembro, uma semana antes do início do recesso do Legislativo. Até lá, nessas quatro semanas, políticos colocarão em cena a implacável máquina do escambo, cobrando do governo alguma contrapartida para aprovar uma matéria de interesse da população e que beneficiará principalmente as gerações futuras.

Diante dessa inexplicável postura dos senadores, que sequer compreenderam a extensão da tragédia que se abateu sobre o País, outras matérias necessárias para buscar o ajuste fiscal ficarão para depois. É o caso da reforma da previdência social, cuja urgência encontra explicação no rombo crescente que acomete o setor.

Com a votação final da PEC 241 marcada para 13 de dezembro, o envio do projeto da reforma previdenciária ao Congresso já é considerado precipitação do governo de Michel Temer, que, é importante destacar, tem em tese apenas dois anos e um mês para destrinchar parte da crise.


Considerando que nesse espaço de tempo há o chamado ócio remunerado (só para políticos) – Natal, Ano Novo, recesso e Carnaval – ao presidente da República restará um tempo ainda mais curto – um ano e nove meses de mandato. Se em mandato cheio é impossível desatar o nó em que se transformou a crise, em menos da metade do tempo é impossível sonhar com alguma solução.

O rombo da Previdência Social em 2016 será de R$ 147 bilhões, mas no próximo ano esse número saltará para R$ 183 bilhões. Mesmo assim, políticos conseguem enxergar precipitação onde deveriam prevalecer urgência e celeridade.

A reforma da previdência é não apenas necessária, mas a única saída para garantir aos aposentados e pensionistas o recebimento dos benefícios. Há quem diga que direitos adquiridos são intocáveis, mas é preciso saber até quando esse quadro fantasioso há de durar.

A situação em termos políticos deve piorar, caso a matéria sobre a reforma da previdência for enviada ao Congresso apenas depois do recesso parlamentar. A questão é muito simples: em 1º de fevereiro, o Senado e a Câmara elegerão novas mesas diretoras. O que pode comprometer o tabuleiro político no Parlamento. Sempre lembrando que a oposição raivosa, que ainda não assimilou a derrota, fará de tudo para atrapalhar.

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