Fora Cunha: movimento suprapartidário vai à PGR e anuncia obstrução total no plenário da Câmara

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Líderes e parlamentares de seis partidos que defendem o afastamento do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Câmara anunciaram nesta terça-feira (24) que pedirão ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que se manifeste sobre a saída do peemedebista do cargo. Eles argumentam que Cunha está usando prerrogativas do cargo para impedir o seu julgamento por quebra de decoro no Conselho de Ética, o que, na avaliação do grupo, também interfere na instrução criminal na Justiça, onde ele é alvo de inquérito da operação Lava Jato.

Para isso, os deputados do PPS, PSOL, Rede, PSDB, DEM e PSB vão entregar a Janot documento que relata detalhes das manobras que estão sendo usadas por Cunha para impedir as reuniões no conselho e também para constranger e chantagear parlamentares.

Na última semana, frente às ações do presidente da Casa para atrapalhar os trabalhos do Conselho de Ética, mais de 100 parlamentares se insurgiram contra o peemedebista no plenário, pediram seu afastamento e deixaram a sessão de votação para reabrir reunião do conselho. O encontro com o procurador foi marcado para quarta-feira (25), às 18 horas.

Obstrução total

Em outra frente, os parlamentares anunciaram que irão obstruir todas as votações no plenário da Câmara enquanto Cunha permanecer na Presidência da Casa. A decisão teve apoio pessoal dos líderes do PSDB e DEM, que ficaram de consultar suas bancadas sobre a ação.

O grupo suprapartidário também se retirou, nesta terça-feira, da reunião do colégio de líderes para dar apoio ao Conselho de Ética, que se reúne no mesmo horário, e que pode decidir pelo prosseguimento do processo contra Eduardo Cunha.

“Tomamos medidas políticas e jurídicas para intensificar o movimento pelo afastamento do deputado Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. Tudo tem limite e todo limite foi extrapolado. Então, não se vota nada no plenário enquanto não se resolver essa grave crise”, resumiu o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), que organizou a reunião do grupo.

Com relação ao mandado de segurança elaborado pelo PPS pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento do presidente da Câmara, o grupo avaliou que o instrumento não deveria ser utilizado neste momento. “Estamos unificando as ações para dar maior força ao movimento suprapartidário e temos a certeza que contamos com o apoio de deputados de outros partidos, como PMDB, PCdoB, PT, entre outros, que se insurgiram contra Cunha na semana passada. Por isso, vamos primeiro ao procurador Janot”, explicou Rubens Bueno.

De acordo com os líderes do PSDB, Carlos Sampaio (SP), e da Rede, Alessandro Molon (RJ), ao impedir o andamento do processo no Conselho de Ética, Cunha também está atingindo a Justiça. Eles explicam que as provas e investigações que irão ser produzidas pelo conselho, durante o andamento do processo por quebra de decoro, poderiam ser utilizadas na instrução criminal contra o peemedebista na Justiça.

A estratégia unificada foi definida em reunião na manhã desta terça-feira, que também reuniu os líderes do DEM, Mendonça Filho, do PSOL, Chico Alencar (RJ), e os deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA), Carmen Zanotto (PPS-SC), Eliziane Gama (Rede-MA), Aliel Machado (Rede), Júlio Delgado (PSB-MG), Heitor Schuch (PSB-RS), Leonardo Monteiro (PT-MG), Pauderney Avelino (DEM-AM), Ivan Valente (PSOL-SP), Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) e Glauber Braga (PSOL-RJ).

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