Jogo duro – O Democratas e o PMDB decidiram contestar na Justiça Eleitoral a criação do Partido Liberal (PL), nova sigla que servirá como apêndice do PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), que, inclusive, já pediu o registro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O PL agora aguarda o aval da Corte até outubro para poder disputar as eleições municipais de 2016.
O argumento jurídico dos partidos para a contestação é que o PL não cumpriu as exigências da lei, como a coleta de 500 mil assinaturas, reconhecidas em cartório, em pelo menos nove unidades da federação. “Queremos marcar posição. Nem sempre o Ministério Público e a Justiça atentam em sua inteireza para o processo de criação de partidos”, afirmou o deputado Mendonça Filho (PE), líder do Democratas na Câmara.
Segundo a nova regra, aprovada este mês pelo Congresso justamente para evitar manobras, o PL só poderá se fundir a outro partido cinco anos após o registro. Mesmo assim, o surgimento de uma nova sigla abre janela de migração partidária, o que pode prejudicar o DEM, partido considerado em “decadência”. Já o PMDB teme a criação de um novo polo de força na base de apoio da presidente Dilma Rousseff. Hoje, o PSD já é dono da terceira maior bancada da Câmara dos Deputados
Cleovan Siqueira, presidente do PL, revelou que a fusão com o PSD era o “Plano B”. O Plano A seria atuar como “gêmeo” do partido de Gilberto Kassab. O apoio do PSD foi fundamental para que o PL recolhesse as mais de 500 mil assinaturas necessárias para solicitar o registro no TSE. É importante ressaltar que entre 2007 e 2014 o Partido Liberal havia obtido apoio de apenas 80 mil pessoas.
Para quem não se recorda, o Partido Liberal já existiu e foi uma legenda de aluguel no primeiro governo de Luiz Inácio da Silva, o agora lobista Lula. Na ocasião, o PL era comandado pelo então deputado federal Valdemar Costa Neto, o “Boy”, que acabou condenado pelo Supremo Tribunal Federal na esteira da Ação Penal 470 (Mensalão do PT).
Por conta dos escândalos de corrupção que marcaram o Mensalão do PT, o PL acabou se fundindo com outras legendas, processo que deu origem ao Partido da República, o PR. (Por Danielle Cabral Távora)
