Gleisi diz que “Temer bebe do próprio veneno” e que anular nomeação de Lula à Casa Civil foi “golpe”

(Jefferson Rudy - Agência Senado)
(Jefferson Rudy – Agência Senado)

A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) ainda não se conformou com o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter barrado a nomeação de Lula, em março de 2016, para a chefia da Casa Civil da Presidência, em manobra tosca para impedir que o petista fosse preso.

O truque ficou evidente com o vazamento de uma gravação telefônica em que Dilma Rousseff, então presidente da República, comunicava a Lula que o seu estafeta preferido, identificado como “Bessias”, entregaria documento de posse no cargo, sem data, que deveria ser utilizado somente em “caso de necessidade”. Uma óbvia e flagrante tentativa de obstrução à Justiça, que na ocasião já estava em estágio avançado nas investigações sobre a participação de Lula no escândalo do Petrolão.

O episódio no qual o ex-presidente Lula foi impedido de assumir a Casa Civil é avaliado hoje por petistas como “fatal” no processo que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff, em agosto do ano passado, que o PT insiste em chamar de “golpe”. A nomeação do aliado e padrinho político era tratada como a “última cartada” da então presidente Dilma para salvar uma base aliada que se desmantelava no Congresso Nacional.

Gleisi, sempre ensandecida, tenta estabelecer um paralelo entre o caso de Lula e o de Moreira Franco, fato que leva a parlamentar a rejubilar-se. “Temer bebe do próprio veneno”, diz a senadora.

Ré por corrupção passiva no STF no âmbito da Operação Lava-Jato e apontada como beneficiária financeira da Operação Custo Brasil, que identificou a abdução de R$ 100 milhões de servidores federais, inclusive aposentados, que recorreram a empréstimos consignados, Gleisi não é a pessoa mais credenciada para ministrar lições de moral a alguém. Mesmo assim, a líder do PT no Senado faz ouvidos moucos.


A parlamentar paranaense insiste em criticar os costumes políticos como se fosse uma vestal impoluta, não ré que ainda não foi presa por estar blindada por um mandato senatorial, o qual lhe confere foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado. Mandato que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal suspeitam ter sido alcançado no rastro de financiamentos feitos à base de propina.

Porém, a petulância de Gleisi Helena não tem limites. Em entrevista levada ao ar na quinta-feira (9) pelo canal de televisão a cabo GloboNews, a petista novamente tentou provar sua falsa inocência. Disse ao entrevistador que é acusada indevidamente de corrupção na Lava-Jato e que não conhece Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que acusou-a, em delação, de ter recebido R$ 1 milhão em propina.

Essa estupefação de camelô de Gleisi não convence, pois quem conhece em detalhes os bastidores do nascedouro do Petrolão sabe que sempre foi próxima a relação do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações) com o doleiro Alberto Youssef, ainda nos tempos de Londrina. Para quem não se recorda, certa feita o doleiro foi procurado pelo ex-petista André Vargas, preso na Lava-Jato, para lavar dinheiro da campanha de Bernardo.

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