Governo precisa afinar o discurso sobre atentados terroristas e não causar pavor com opiniões diversas

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Como de costume, integrantes do governo pecam por não combinar com antecedência os discursos. Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes afirmou que o governo não trabalha com a possibilidade de um segundo grupo planejando atentados terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que começam no próximo dia 5 de agosto. Quando falou em “segundo grupo”, Moraes fez referência aos doze suspeitos presos na Operação Hashtag, da Polícia Federa, e transferidos para um presídio de segurança máxima.

É importante lembrar que esses suspeitos só passaram a ser monitorados após alerta do FBI, pois do contrário estariam a trocar mensagens pela rede mundial de computadores e por aplicativos de smartphones. Se o governo não foi capaz de identificar os crimes de pedofilia cometidos por um ex-assessor especial da Casa Civil, já condenado a mais de cem anos de prisão, é impossível descartar a existência de outros grupos que representem séria ameaça ao País.

Por outro lado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, ao ser questionado no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, sobre a possibilidade de um atentado terrorista no Brasil disse “não estamos invulneráveis”. Isso significa que, diferentemente do que afirma o ministro da Justiça, outros grupos capazes de promover um atentado terrorista estão a solta no Brasil.

Para o UCHO.INFO, os cem eventuais suspeitos que estão sob monitoramento do serviço de inteligência brasileiro nada representam em termos de periculosidade, pois se a Olimpíada do Rio foi escolhida para ser palco ou pano de fundo para um atentado, por certo os terroristas estão há muito tempo na capital fluminense ou nos arredores da cidade, devidamente protegidos pela cúpula do crime organizado.


Em outro vértice do governo, temendo qualquer tipo de incidente mais grave, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que está rezando para nada de grave aconteça durante os Jogos Olímpicos. Ou seja, a confiança externada por Alexandre de Moraes não é unanimidade no governo.

Sobre os dozes suspeitos de terrorismo, Moraes disse que o grupo foi monitorado a partir das redes sociais e do aplicativo WhatsApp, sendo que a ação há de continuar por tempo indeterminado por causa do momento perigoso que vive o planeta no rastro dos atentados ocorridos em diversos países.

Não se pode esquecer que o monitoramento de pessoas a partir do WhatsApp não é tão simples quando sugere o ministro da Justiça, se é que isso é possível. Moraes deveria se inteirar melhor sobre plataforma de mensagens criptografadas, pois as mesmas funcionam apenas como ponto de conexão entre usuários, não sendo possível derrubar o sistema de criptografia de forma pontual. Ou a criptografia torna-se inoperante para todos os usuários, ou nada feito.

Em suma, de tudo o que foi dito até o momento, o discurso mais certeiro foi o de José Serra, pois a essa altura dos acontecimentos é entregar nas mãos de Deus e orar. Considerando que Deus é brasileiro e o Rio de Janeiro está sob as bênçãos do Cristo Redentor, o melhor é manter a fé e acreditar que tudo há de dar certo. Sempre lembrando que não é assim que se organiza um evento da magnitude de uma Olimpíada e muito menos trata-se questões ligadas ao terrorismo como se fosse uma receita de torresmo crocante. Enfim, o Brasil continua sendo o paraíso do “faz de conta”.

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