Grécia: ministro das Finanças renuncia ao cargo na esteira de pedido de Tsipras

yanis_varoufakis_05Saindo de cena – O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, informou nesta segunda-feira (6) que está deixando o cargo. O anúncio surpreendente veio horas após a expressiva vitória do “não” no referendo sobre as condições impostas pelos credores internacionais para o resgate financeiro do país, que já se encontra em “default” (calote, no jargão do mercado).

Varoufakis justificou a renúncia afirmando que a decisão ajudará o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, na negociação com os credores, em especial com o Fundo Monetário Internacional, ao qual o governo de Atenas deve 1,6 bilhão de euros. Enquanto Varoufakis tenta passar à população local desprendimento em relação ao cargo, sua saída decorreu de um pedido do próprio premiê Tsipras, que prometeu retornar à mesa de negociações ainda nesta segunda-feira, o que dificilmente acontecerá, pois os lideres europeus devem se reunir somente na terça.

Em meio a relações que já eram tensas, Varoufakis enfureceu os parceiros europeus na última semana passada, ao acusar os credores de fazerem “terrorismo” contra o povo grego para pressioná-los a aceitar mais austeridade. A fala do ex-ministro das Finanças não passou de um blefe arquitetado previamente com Alexis Tispras, que temia a derrota nas urnas. Foi essa estratégia chicaneira que conseguiu, na última hora, reverter o fim de um governo fanfarrão e populista. Acontece que diante da vitória do “não” a Grécia terá sérios problemas em relação à economia, que há anos é cambaleante.

Yanis Varoufakis anunciou a renúncia no Twitter, com as palavras “Ministro não mais” e o link para um comunicado em seu blog. No comunicado, Varoufakis disse ter tomado conhecimento de que alguns membros da zona do euro preferiam a sua ausência nas reuniões dos ministros das Finanças da união monetária e que essa foi “uma ideia que o primeiro-ministro julgou ser potencialmente útil para que se chegue a um acordo”.

“Por esse motivo, estou deixando o Ministério das Finanças hoje”, escreveu. Varoufakis disse considerar ser sua obrigação ajudar Tsipras a explorar “o capital que o povo grego nos deu através do referendo” deste domingo.

Na votação, 61,31% dos gregos disseram “não” às medidas de austeridade impostas pelos credores da dívida grega em troca do resgate econômico. Tsipras classificou a escolha de “histórica e valente”.

“O referendo de 5 de julho entrará para a história como um momento único em que uma pequena nação europeia se levantou contra a escravidão da dívida”, escreveu Varoufakis em seu blog. A Grécia acredita estar acima de tudo e de todos, por isso não aceita enfrentar medidas de austeridade econômica como forma de superar uma crise que só avança.

Portugal, por exemplo, fez a lição de casa e deixou para trás uma crise econômica preocupante. Acontece que Tsipras, que venceu as eleições a bordo de um discurso esquerdista utópico e ultrapassado, quer se manter no poder às custas do sacrifício futuro do povo grego. Ou seja, em algum momento a corda da economia helênica há de estourar.

O substituto do ministro das Finanças será anunciado após uma reunião das lideranças políticas, convocada para a manhã desta segunda-feira, informou um porta-voz do governo grego. O favorito para o cargo seria Euclid Tsakalotos, coordenador das negociações com os credores da Grécia. (Com agências internacionais)

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