Inflação oficial encerra 2016 abaixo do teto da meta, fruto da sensível e preocupante queda no consumo

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Medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial brasileira encerrou 2016 em 6,29%, ou seja, abaixo do teto do plano de metas fixado pelo governo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a inflação do ano ficou aquém do IPCA de 2015 (+10,67%) e de 2014 (+6,41%).

O vilão da inflação de 2016 foi o grupo de alimentos, mas, de forma pontual, apenas os planos de saúde, com alta de 13,55%, responderam por 0,45 ponto porcentual do IPCA.

Por certo o Palácio do Planalto comemorou os dados do IBGE, mas é preciso lembrar que esse recuo da inflação é fruto da expressiva queda no consumo ao longo de 2016, reflexo imediato do acirramento da crise econômica. Tanto é assim, que as vendas no varejo acumularam, de janeiro a novembro de 2016, queda de 6,4%, a maior da série histórica do indicador, iniciada em 2001.


A preocupação do consumidor em relação ao futuro e a dificuldade do governo federal para aprovar medidas de estímulo à economia comprometem qualquer previsão mais otimista em relação ao fim da crise, mesmo diante da aposta dos especialistas na melhora do PIB do corrente ano. Com o governo de Michel Temer cada vez mais refém de um Parlamento movido pelo fisiologismo, o melhor é ser cauteloso quando o assunto é crise econômica.

É importante ressaltar que qualquer medida para tirar o Brasil do atoleiro da crise só surtirá efeito após seis meses da respectiva aprovação, cenário que revela a enorme distância até a chamada luz no fim do túnel.

No tocante ao IPCA de 2016, a inflação real, aquela enfrentada pelos brasileiros no cotidiano, está muito além dos dados oficiais, pois muitos dos itens usados no cálculo nem sempre fazem parte da vida dos cidadãos. Ademais, não se pode esquecer que no que se refere aos medicamentos, os preços sofreram aumentos absurdos.

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