Justiça localiza Paulo Bernardo “escondido” no apartamento funcional de Gleisi Hoffmann

paulo_bernardo_15Barra de saia – Depois de duas semanas em que os oficiais de Justiça procuraram em vão o petista Paulo Bernardo da Silva, a Justiça Federal foi informada pelo advogado Juliano Breda de que o ex-ministro mora atualmente no apartamento funcional de Brasília de sua mulher, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT). O ex-ministro do Planejamento (2005-2008) e das Comunicações (2011-2014) era procurado para atender a convocação para depor como testemunha de defesa de Ricardo Pessôa, presidente da empreiteira UTCe e apontado como chefe da ala empresarial da quadrilha do Petrolão, esquema articulado pelo PT e partidos da base para saquear a Petrobras, enriquecer empreiteiras, executivos, políticos e encher os cofres da legenda.

Além do constrangimento de depor em favor de um empresário preso, apontado como chefão das operações criminosas investigadas pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Paulo Bernardo tentou escapar do depoimento porque sabe demais. Durante a maior parte dos dois governos de Lula foi, como ministro do Planejamento, o homem chave na liberação de obras que irrigaram os cofres do Petrolão. O próprio Paulo Bernardo e a mulher aparecem na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como beneficiários do esquema criminoso. Gleisi, de acordo com os principais delatores da Lava-Jato (Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef) o outro “casal 20 do PT” levou R$ 1 milhão do esquema.

O advogado do ex-ministro, Juliano Breda, é presidente da OAB do Paraná e também defende executivos da empreiteira OAS presos em Curitiba por envolvimento no Petrolão, tenta explicar as dificuldades que a Justiça vem encontrando para citar o petista. A defesa de Ricardo Pessôa informou que tentava localizar o endereço do ex-ministro, que se mudou recentemente de seu apartamento de Curitiba, e chegou a afirmar à Justiça que ele poderia ter se mudado para Ribeirão Preto, importante cidade do interior paulista.

De fato, o ex-ministro e a senadora não moram mais no antigo apartamento de Curitiba, mas Gleisi tem outra residência na capital paranaense. Agora, a Justiça no Paraná expedirá carta precatória a Brasília para que sejam intimadas as testemunhas “lá residentes”. Com isso, Paulo Bernardo deve ser chamado em juízo para, se for o caso, defender o dono da UTC.

Segundo informações correntes em Curitiba, Gleisi estaria residindo, quando está na cidade, no Residencial Quartier, condomínio que ocupa um quarteirão no bairro Água Verde. O Quartier é um empreendimento da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) – braço da empreiteira Camargo Corrêa, o primeiro construído pela empresa em Curitiba. Como Paulo Bernardo não apareceu no depoimento marcado para as 11 horas da quinta-feira (5), o juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, deve estabelecer nova data para o depoimento e mandar citá-lo em Brasília.

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