Kerry diz que Estados Unidos não abandonaram processo de paz na Síria

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O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou nesta terça-feira (4) que os Estados Unidos não abandonaram o processo de paz na Síria, apesar da ruptura das negociações com a Rússia sobre um novo cessar-fogo. “Permanecemos comprometidos com uma Síria pacífica, estável, unida e não sectária”, afirmou.

Segundo Kerry, Washington e Moscou continuarão conversando sobre a Síria no âmbito das negociações multilaterais, por exemplo, na Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, militares americanos e russos vão continuar coordenando ataques aéreos no país árabe a fim de evitar incidentes.

Ao justificar o rompimento com Moscou, o secretário acusou a Rússia de rejeitar a diplomacia e escolher ajudar o regime do presidente Bashar al-Assad a conquistar vitórias militares sobre os grupos rebeldes a qualquer custo.

“Vemos com pesar e grande indignação que a Rússia faz vista grossa diante do deplorável uso por Assad das armas de guerra que escolheu, como gás de cloro e bombas de barril, contra o seu povo”, ressaltou Kerry.

“Juntos, o regime sírio e Moscou parecem ter rejeitado a diplomacia e tentam garantir a vitória militar sobre corpos destroçados, hospitais bombardeados, as crianças traumatizadas de um país que sofre há muito tempo”, acrescentou.


Após a ruptura das negociações pelos americanos, Moscou afirmou nesta terça-feira que espera que a “sabedoria política” prevaleça em Washington.

“Esperamos que haja sabedoria política e continuidade do diálogo sobre questões particularmente sensíveis, que são necessárias para a manutenção da paz e da segurança”, ressaltou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

“Até onde sabemos, as trocas de informações entre nossos militares continuam e irão continuar”, destacou.

Acordo sobre plutônio

As relações entre Rússia e Estados Unidos sofreram mais um revés nesta segunda-feira, quando Moscou anunciou que vai suspender a reciclagem de plutônio bélico, como previsto num acordo assinado entre as potências em 2000 e renovado em 2010.

O Kremlin acusou Washington de ignorar as condições previstas no documento e, por isso, afirmou não se sentir na obrigação de continuar cumprindo unilateralmente o acordo. Peskov disse ainda que a decisão foi motivada por “ações desagradáveis” dos EUA, sem dar mais detalhes. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, classificou a decisão russa de decepcionante.

Pelo acordo, Estados Unidos e Rússia deveriam reciclar, cada um, 34 toneladas de plutônio bélico. A substância seria usada, então, como combustível em usinas nucleares. O custo desse processo foi estimado em 5,7 bilhões de dólares. O pacto, porém, nunca foi aplicado e, em 2010, Moscou e Washington assinaram um protocolo adicional para torná-lo efetivo a partir de 2018.

Para voltar a cumprir o acordo, Moscou exigiu dos EUA o fim das sanções contra o país e pediu uma reparação por danos causados. Como compensação, uma das exigências russa é a diminuição da presença militar americana nos países do centro e do leste da Europa que fazem parte da OTAN.

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