Lava-Jato: arquivo ambulante prestes a explodir, Eduardo Cunha presta depoimento e alega ter aneurisma

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Nas longas semanas que antecederam a cassação do mandato de deputado federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) começou a dar sinais de que cairia atirando. O tempo passou e as ameaças, feitas sempre nos bastidores, cresceram em número e no potencial explosivo. Denunciado na Operação Lava-Jato por recebimento de propina em negociação envolvendo um campo de petróleo em Benin, na África, Cunha acabou preso quando preparava seu arsenal contra aqueles que um dia foram aliados, mas que como o peemedebista fluminense participaram do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

Preso em Curitiba por determinação do juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente da Câmara dos Deputados depôs pela primeira vez, nesta terça-feira (7), ao magistrado responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Lava-Jato.

Cunha, que teria afirmado seu desejo de responder a perguntas sobre o presidente da República, Michel Temer, cujo nome foi citado em algumas delações da Odebrecht, acabou limitando-se aos questionamentos do juiz Moro e de representantes do Ministério Público Federal (MPF).


O ex-parlamentar levou ao interrogatório um calhamaço de papeis, possivelmente com anotações bombásticas acerca do Petrolão, mas, segundo informações, nada foi utilizado a ponto de embasar uma resposta mais contundente e comprometedora.

Eduardo Cunha, que não sinalizou às autoridades eventual disposição de negociar um acordo de colaboração premiada, aproveitou o ensejo para informar ao juiz Sérgio Moro que é portador de aneurisma cerebral, semelhante ao que ceifou a vida da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Ao final da audiência, com base na alegação de Cunha, a defesa apresentou um pedido de liberdade que será analisado por Moro.

Independentemente de não ter sinalizado com a possibilidade de delação, Cunha sabe muito mais acerca de ilegalidades do que gostariam mitos políticos brasileiros. Considerando o fato de que o deputado cassado usou dinheiro de propina para financiar dezenas de campanhas políticas Brasil afora, o grau de destruição de uma delação é monumental. O que há muito tira o sono de muitos políticos em Brasília.

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