Lava-Jato: delação coletiva da Odebrecht está na reta final e cita Lula, Dilma e Michel Temer

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A política nacional, que já vive dias complicados, em breve entrará em zona de intensa turbulência. Isso porque o acordo de colaboração premiada da empreiteira Odebrecht está na reta final e deverá ser assinado até meados de novembro. O que complica sobremaneira a situação de alguns caciques políticos.

Depois da intervenção de Emílio Odebrecht, chefe do clã que dá nome ao grupo empresarial baiano, pelo menos cinquenta executivos aderiram à delação coletiva e mencionaram, nos depoimentos, os nomes de políticos de vários partidos. Entre os que tiveram os nomes citados estão os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer, ministros de Estado, uma dezena de governadores e pelo menos 200 parlamentares.

A delação coletiva foi a saída encontrada por Emílio Odebrecht para salvar da falência as empresas do grupo, que juntas acumulam dívidas de mais de R$ 100 bilhões. A maior dificuldade encontrada por Emílio nessa empreitada foi convencer o próprio filho, Marcelo Bahia Odebrecht, a aderir à colaboração premiada. Marcelo está preso em Curitiba desde junho de 2015 e condenado a 19 anos de prisão. Com a delação, a pena deve ser reduzida, possivelmente para quatro anos em regime fechado. Além disso, a negociação prevê a devolução aos cofres públicos dos valores desviados da Petrobras.


Por enquanto, as informações fornecidas à força-tarefa da Operação Lava-Jato são preliminares, mas devem ganhar robustez no momento em que os depoimentos forem tomados de forma oficial. A partir de então é que o Ministério Público federal decidirá quais dos citados na delação coletiva serão formalmente investigados.

Assim como todos os acordos de delação no âmbito da Lava-Jato, a colaboração envolvendo executivos da Odebrecht dependerá de homologação por parte do Supremo Tribunal Federal, mais precisamente do ministro Teori Zavascki, relator do caso na Corte.

A tendência é que a delação coletiva da Odebrecht permaneça em segredo até a homologação, o que deve aumentar ainda mais a tensão no meio político. Contudo, como é sabido, muitos vazamentos ocorreram ao longo das investigações. A grande questão é saber se a Justiça levará a sério a premissa da confidencialidade que marca qualquer acordo de delação. Caso prevaleça a forma como as notícias chegaram à opinião pública até então, a tortura será em doses homeopáticas.

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