Lava-Jato: delação coletiva da Odebrecht já está no STF e situação de Lula deve piorar a partir de agora

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Se até o momento a situação do ex-presidente Lula é de extrema complexidade no âmbito da Operação Lava-Jato, a partir desta segunda-feira (19) deve piorar sobremaneira no rastro da delação coletiva da Odebrecht, que contou com depoimentos bombásticos de 77 executivos e ex-funcionários do grupo empresarial baiano.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já recebeu os depoimentos, enviados pela Procuradoria-Geral da República, e o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato na Corte, prometeu analisar os documentos durante o recesso do Judiciário. Ou seja, o retorno das atividades parlamentares no Congresso Nacional, previsto para 1º de fevereiro, será marcado por expectativa, temor e possível devastação. Isso porque os delatores assumem o compromisso de revelar a verdade e dar caminhos para as respectivas investigações.

O calvário de Lula (já é réu em cinco ações penais) está emoldurado por seguidas declarações de seus advogados, os quais negam a participação do petista em esquemas de corrupção e afirmam que o cliente jamais foi beneficiário de qualquer valor em espécie ou bens materiais na esteira do Petrolão. No contraponto, Marcelo Odebrecht está disposto a deixar o cárcere o quanto antes, por isso revelou detalhes tão verdadeiros quanto estarrecedores sobre o ex-presidente da República.


Não se pode desconsiderar o fato de que trechos dos depoimentos vazaram para alguns veículos de imprensa, o que permite a arguição de nulidade dos mesmos, assim como das investigações e provas recolhidas. Até porque, o empresário José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro e ex-presidente da empreiteira OAS, teve anulado seu acordo de delação por conta de supostos vazamentos. Ora, se a Justiça é supostamente cega e o “pau que bate em Chico, bate em Francisco”, as delações da Odebrecht podem ser anuladas.

A questão não é defender corruptos ou proteger esse ou aquele político, mas de cobrar isonomia no caso das delações. Não é de hoje que o UCHO.INFO chama a atenção das autoridades para o perigo que representa o vazamento do conteúdo das delações. Há quem diga que isso faz parte do jornalismo investigativo, mas ações como essa são fruto de acordo entre autoridades e imprensa.

Ademais, o que está em marcha não é apenas o combate à corrupção sistêmica que continua a arruinar o País, mas uma espécie de ceifadeira para deixar o caminho político livre para alguns salvadores da pátria que surgirão mais adiante. E não é difícil perceber esse movimento, que encontra forte eco no Congresso e fora dele.

Considerando que o conteúdo de uma delação é conhecido apenas pelos procuradores, pelo delator e seu advogado, só há duas hipóteses para o vazamento. Porém, como ao delator convém manter o compromisso da confidencialidade, até porque a homologação do depoimento e os benefícios decorrentes do mesmo dependem desse detalhe, o vazamento só pode acontecer com a conivência (ou participação) do Ministério Público ou um de seus integrantes.

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