Lava-Jato: delação de Pedro Corrêa reforça denúncia do MPF e deixa Lula em dificuldade

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Para quem acreditou que a acusação do Ministério Público Federal (MPF) contra Lula era uma peça de ficção, um depoimento do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), anexado à denúncia, mostra que de fato o petista era o “comandante máximo” do maior esquema de corrupção da história.

Corrêa, que está preso por participação no Petrolão, detalhou às autoridades a estrutura da organização criminosa que se instalou na Petrobras e durante uma década saqueou os cofres da estatal. Não por acaso, a apresentação dos procuradores sobre o esquema foi tão didática, revelando à população a engrenagem da roubalheira oficial.

Pedro Corrêa revelou diálogos que incontestavelmente colocam Lula no topo da estrutura criminosa que loteava cargos na petrolífera em troca de apoio no Congresso Nacional. Os procuradores também anexaram à denúncia formal contra o ex-presidente da República depoimentos de pelo menos três delatores da Operação Lava-Jato: Delcídio Amaral, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

“O controle de todo esquema criminoso por Lula ficou muito claro quando, em 2006, antes das eleições, Pedro Corrêa e José Janene (então presidente do PP e mentor do esquema de propinas na Petrobras) foram apresentar para Lula reivindicações de novos cargos e valores que seriam usados em benefício de campanhas políticas”, afirma o Ministério Público Federal.

Na ocasião, Lula teria negado os pedidos, de acordo com o depoimento de Pedro Corrêa. “Vocês têm uma diretoria muito importante, estão muito bem atendidos financeiramente. Paulinho tem me dito”. Paulinho, segundo revelou o UCHO.INFO em várias ocasiões, era a forma como Lula se referia a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que colocou o “propinoduto” para funcionar na empresa.


Segundo a delação, Lula teria dito, na reunião em 2006, que “Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados”.

“Dessa forma, Lula revelou de forma explícita para Pedro Corrêa que tinha o comando da dinâmica criminosa instalada na Petrobrás e dela beneficiava diretamente”, sustentam os procuradores da Lava-Jato.

Em determinado trecho do seu depoimento, Pedro Corrêa destaca: “O Governo Lula aparelhou cargos nas esferas estaduais pertencentes à União (delegacias de ministérios, etc) para a ‘companheirada do PT’. Aí foi necessário a negociação com cargos mais altos em empresas públicas para as agremiações da base aliada.”

Em suma, Lula pode espernear e mentir à vontade, pois a denúncia está devidamente embasada e pode culminar, em breve, em pedido de prisão do petista, o que não causará surpresa àqueles que conhecem as entranhas do esquema de corrupção.

A denúncia do MPF não apenas coloca o petista em situação de extrema dificuldade, mas confirma as matérias deste portal, que desde agosto de 2005 afirma que Janene era o artífice do esquema de corrupção e Lula endossara a roubalheira na Petrobras.