Lava-Jato: depoimento de Marcelo Odebrecht dificultou a situação de Palocci, que deve delatar Lula

Luiz Inácio da Silva, o dramaturgo do Petrolão, continua sem provar sua alegada inocência, algo que os caros e badalados criminalistas, contratados a peso de ouro, também não conseguiram. Todos, Lula e seus defensores, insistem em pirotecnia discursiva, como se a Justiça caísse facilmente em esparrelas.

Responsável pelo período mais corrupto da história nacional, Lula é réu em cinco ações penais, a maioria por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos. No âmbito da Operação Lava-Jato, a situação do ex-presidente já não era das melhores, apesar do seu esforço para personificar o injustiçado e perseguido, mas piorou nos últimos dias com o depoimento de Marcelo Odebrecht ao juiz Sérgio Moro, além da delação coletiva do grupo empresarial baiano.

Ao juiz responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos decorrentes da Lava-Jato, Marcelo afirmou que o codinome “Amigo” que aparece na planilha de propinas da empreiteira refere-se a Lula. O empresário também afirmou que os codinomes “Italiano” e “Pós-Itália” referem-se a Antonio Palocci Filho e Guido Mantega, respectivamente.

Com o explosivo depoimento de Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba desde 19 de junho de 2015, criou-se na seara da Lava-Jato um efeito cascata em termos de delações. Isso porque o empresário esclareceu ao juiz Sérgio Moro alguns detalhes envolvendo Palocci, que vem emitindo repetidos sinais de que deve aderir à colaboração premiada em breve.


Lula, por sua vez, fez chegar a Palocci, preso na capital paranaense desde 26 de setembro de 2016, seu descontentamento em relação à possível delação. Coincidentemente, ambos os petistas (lula e Palocci) são defendidos pelo renomado criminalista José Roberto Batochio, que negou ter levado recado de um cliente para outro.

Certo de que está acima da lei e de todos, Lula continua acreditando que é uma espécie de divindade política e por isso seus “companheiros” devem submeter-se ao silêncio obsequioso, mesmo que na prisão, para salvá-lo de eventual condenação. O ex-metalúrgico, em conversas reservadas, cita como exemplo o comportamento de José Dirceu a João Vaccari Neto, ambos presos e calados no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba.

Diante das comprometedoras revelações feitas por Marcelo Odebrecht, o ex-ministro da Fazenda deu alguns largos passos na direção da condenação, o que deve acelerar o início das negociações de um acordo de colaboração premiada. Isso significa que Palocci, se de fato quer reconquistar a liberdade, mesmo que limitada e monitorada, terá de soltar a voz e contar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

O mencionado efeito cascata está apontado na direção de Lula, que cairá diante da Justiça na esteira das informações que serão prestadas pelo “companheiro” Antonio Palocci. Outrora seguidor do radicalismo pregado por Leon Trotski – revolucionário bolchevique eu rivalizou com Stalin –, Palocci, ao longo dos últimos anos, tomou gosto pelas benesses e luxurias. De tal modo, além do desejo de reencontrar a liberdade, o ex-ministro não vê a hora de trocar o minimalismo do cárcere pelo conforto que só o capitalismo patrocina. E para tal terá de delatar Lula e mais alguns “camaradas”.

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