Lava-Jato: João Santana sente-se injustiçado e diz que todo profissional recebe por caixa 2

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No depoimento que prestou ao juiz Sérgio Moro, no escopo da Operação Lava-Jato, o marqueteiro petista João Santana tentou colocar todos os políticos na mesma vala, assim como “milhões” de profissionais de distintas áreas. Isso porque Santana afirmou “que centenas de milhares de pessoas – quase certo que milhões – de todas as classes sociais e de dezenas de profissões são remuneradas com dinheiro de caixa 2.”

O marqueteiro petista deve responder apenas e tão somente por seus atos, não lhe cabendo o direito de fazer juízo prévio de milhões de brasileiros que trabalham arduamente para financiar políticos corruptos. Querer dar lição de moral a essa altura dos acontecimentos, depois de ter recebido dinheiro sujo e de caixa 2 em conta bancária na Suíça, é no mínimo excesso de ousadia.

João Santana não alcançou sucesso profissional porque é desprovido de massa cinzenta, pelo contrário, mas não pode usar da sua eloquência para tentar fazer com a Justiça o mesmo que fez com milhões de eleitores incautos: “vender” gato por lebre.

Arrogante, João Santana foi além em seu depoimento ao juiz da Lava-Jato e disse: “Se todos que já foram remunerados com caixa 2 no Brasil fossem tratados com o mesmo rigor que eu, era para estar aqui, atrás de mim, uma fila de pessoas que chegaria a Brasília. Uma muralha humana capaz de concorrer com a muralha da China. Capaz de ser fotografada por qualquer satélite que orbita em torno da terra. Mas estaria eu aqui a defender o caixa 2? Jamais!”.

O marqueteiro das estrelas petistas está abusando do “bom mocismo” com o objetivo de minimizar as penas que serão impostas a ele próprio e à sua esposa, também dublê de sócia. A delação premiada do marqueteiro ainda está nos primeiros passos e ele já sonha com dias menos angustiantes.

Se Santana conhece tantas pessoas que recebem através do caixa 2, como ele mesmo sugeriu no depoimento, que se prepare para revelar os nomes dos alarifes, pois as autoridades estão dispostas a dar continuidade ao processo de limpeza ética que começou com a Lava-Jato.

No momento em que tenta generalizar a prática do caixa 2 na seara das campanhas eleitorais, afirmando que todos os partidos e políticos se valem desse caminho ilegal, João Santana busca o nivelamento por baixo. Esse palavrório elaborado e encomendado repete o discurso do PT, que tenta mostrar à opinião pública, não é de hoje, que sem exceção todos são iguais na política brasileira.

“Não somos a causa de práticas eleitorais irregulares. Elas são consequência de um sistema eleitoral adulterado e distorcido em sua origem. Isto é assim aqui e na maioria esmagadora dos países. E atinge todos os partidos, sem exceção. Com generosidade, e com conhecimento de causa, eu digo que 98% das campanhas no Brasil utilizam caixa 2. Que isso envolve das pequenas às grandes campanhas”, declarou o marqueteiro.


Como mencionado, esse discurso maroto de Santana não é obra do acaso, mas fruto de uma sintonia fina entre o marqueteiro e próceres petistas, que lutam arduamente nos bastidores para salvar um partido político que de forma acertada já foi comparado a organizações criminosas. E os fatos não deixam dúvidas a respeito do assunto.

Contudo, o mais hilário no depoimento de Santana é a sua preocupação com o que aconteceu com sua imagem na esteira da Lava-Jato, como se ele próprio não soubesse que o dinheiro que recebia tinha origem criminosa. “Nos últimos meses, eu vi destruídos, um trabalho e uma imagem pessoal que construí, com muito esforço, ao longo de mais de 20 anos” afirmou.

“Eu entendo porque isso aconteceu. Primeiro porque escolhi uma profissão fascinante, mas cheia de riscos e incompreensões. Segundo porque me transformei em um profissional de destaque nacional e internacional. Terceiro porque meu trabalho esteve ligado, nos últimos anos, a um grupo político que está hoje sob severo questionamento”, emendou o especialista em marketing político.

Cada qual sabe o que faz e escolhe com que quer trabalhar. O sucesso de um profissional não é motivo para a abertura de investigações e processos criminais. Se João Santana decidiu ter o PT como cliente e aceitou a forma de pagamento adotada pela legenda, deveria saber que isso teria consequências.

“O que eu não entendo e não me conformo é com o fato de eu e minha mulher estarmos sendo acusados, injustamente, de corrupção, formação de organização criminosa e de lavagem de dinheiro. De estarmos sendo tratados como criminosos perigosos. E de estarmos servindo, involuntariamente, aos interesses dos que sempre tentaram ligar o marketing político a atividades obscuras e antiéticas”, completou Santana.

Pois bem, um profissional decide trabalhar para um partido responsável pelo período mais corrupto da história nacional, aceita receber dinheiro sujo e em contas não declaradas, mas quer ser tratado como uma divindade injustiçada.

Se João Santana acredita que seu palavrório estava repleto de convencimento, o melhor que o marqueteiro pode fazer é rever o pensamento ou escolher um colchão minimamente confortável para esticar na cela. Do contrário, o psiquiatra da esquina mais próxima poderá ajudá-lo na mais impossível de suas missões: convencer Sérgio Moro.

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