Soltando a voz – Em 28 de agosto de agosto de 2014, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que a Operação Lava-Jato, cedo ou tarde, haveria de subir a rampa do Palácio do Planalto, alvejando os integrantes do mais corrupto governo da história nacional. Desde então, com o tempo avançando de forma firme e paulatina, fatos no escopo da operação da Polícia Federal confirmaram nossa previsão. Até porque, como um dos denunciantes do esquema de corrupção que culminou com a ação policial, o editor sabe muito mais sobre o imbróglio do que muitos políticos gostariam.
De tal modo, a PF enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva seja ouvido no inquérito que investiga a participação de políticos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história. O pedido endereçado ao STF é da lavra do delegado federal Josélio Azevedo de Sousa, que cultiva a suspeita de que o agora lobista Lula poder ter sido “beneficiado pelo esquema em curso na Petrobrás, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo”.
Além de Lula, o delegado da PF quer ouvir também a ex-ministra Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais da Presidência), Gilberto Carvalho (ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência) e José Dirceu de Oliveira e Silva (ex-chefe da Casa Civil de Lula), que está preso em Curitiba por determinação do juiz Sérgio Moro.
O pedido da PF, que pode ser acatado ou não pelo Supremo, baseia-se em depoimentos de delatores da Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) e Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da estatal).
No documento enviado à Suprema Corte, o delegado Josélio Sousa destaca que Costa e Youssef “presumem que o ex-presidente tivesse conhecimento do esquema de corrupção descortinado na Petrobrás em razão das características e dimensão do mesmo”.
O delegado destaca que os delatores não dispõem de documentos capazes de provar o envolvimento de Lula no Petrolão, mas a PF entende ser impossível dissociar o esquema de poder político do criminoso desvio de recursos da Petrobras.
“Dentro dessa lógica, os indícios devem ser buscados não apenas no rastreamento e identificação de vantagens pessoais que por ventura foram obtidas pelo então presidente, mas também nos atos de governo que possibilitaram que o esquema se instituísse e fosse mantido uma vez que tal como assinalado, não se trata apenas de um caso de corrupção clássica”, afirma o documento.
Entre presumir e ter certeza há enorme distância e abissal diferença. Paulo Roberto Costa sabe que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção que durante uma década funcionou de forma deliberada na Petrobras. Essa certeza, que ora afirmamos, tem como base em fatos distintos que marcaram o histórico do escândalo de corrupção. O primeiro deles envolve a indicação de Costa para cargo de diretor de Abastecimento da petrolífera nacional, algo que só foi possível por causa da interveniência de José Janene, então deputado federal pelo PP do Paraná, já falecido. Criador do esquema de corrupção que culminou com a Lava-Jato, Janene tinha livre trânsito no Palácio do Planalto e não mandava recados a Lula.
O segundo fato que reforça o conhecimento de Lula sobre o Petrolão remete a uma das grandes covardias cometidas na seara da Petrobras. Em reunião no gabinete presidencial, Paulo Roberto Costa, chamado de “Paulinho”, recebeu de Lula pedido para solucionar uma pendência no setor petroquímico brasileiro que vinha prejudicando a Petroquímica Triunfo, então sob o controle da família Gorentzvaig. O mesmo Paulo Roberto Costa, horas depois, recebeu ordem para não dar trats ao pedido, pois era rpeciso atender aos interesses do grupo Odebrecht (leia-se Braskem), cujo presidente licenciado, Marcelo Odebrecht, está preso a reboque da Lava-Jato.
No ofício enviado ao STF, o delegado enfatiza: “Atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobrás, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal.”
Muito estranhamente, o delegado Josélio Sousa solicitou ao Supremo para que os acima mencionados sejam ouvidos, mas cabe ao juiz federal Sérgio Fernando Moro decidir sobre o assunto, já que Lula, Ideli, Gilberto Carvalho e José Dirceu não mais gozam da prerrogativa de foro, uma vez que não têm cargos eletivos ou status político que garanta tal privilégio.
Em agosto de 2005, o editor do UCHO.INFO afirmou que um novo esquema de corrupção, criado para substituir o malfadado e igualmente criminoso Mensalão do PT, já estava em marcha, com a anuência explícita do Palácio do Planalto e do então presidente Lula. Na ocasião, o jornalista responsável por este noticioso foi seguidas vezes ameaçado, sem que as autoridades tomassem as devidas providências. Comportamento típico de regimes totalitaristas, que só não vingou no Brasil por conta da resistência hercúlea de alguns, os quais decidiram enfrentar, a toda sorte, os bandoleiros que se instalaram no poder central.
