Lava-Jato: PGR pede ao Supremo urgência na análise da denúncia contra Gleisi e o marido

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Para quem, nos últimos tempos, dedicou-se a dar lições de moral em adversários políticos e a tentar intimidar jornalistas independentes, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) vive um momento nada favorável. A partir de agora, a petista terá de cruzar os dedos e consultar seus gurus para que o Supremo Tribunal Federal (STF) não acolha a denúncia feita contra a parlamentar no âmbito da Operação Lava-Jato.

Procuradora-geral da República em exercício, Ela Wiecko solicitou ao STF urgência na análise da denúncia apresentada contra Gleisi e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), em maio deste ano.

De acordo com a denúncia, Gleisi, Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Krugler, em 2010, “agindo de modo livre, consciente e voluntário, promoveram, em unidade de desígnios e conjugação de esforços, a solicitação e o recebimento de vantagem indevida, em razão de funções públicas subjacentes aos dois primeiros, no montante de R$ 1.000.000,00”.

Conforme a PGR, o dinheiro foi destinado à campanha de Gleisi ao Senado. A denúncia destaca que Paulo Bernardo atuava como “verdadeiro operador de sua esposa” e que ambos tinham conhecimento da origem ilícita dos valores.

No documento, protocolado na quinta-feira (21), a procuradora Ela Wiecko rebate argumentos da defesa da petista sobre a nulidade de delações e invalidação de provas, ao mesmo tempo em que pede que a Segunda Turma do STF, que analisa questões da Lava-Jato, decida sobre a abertura da ação penal.


“A procuradora-geral da República em exercício manifesta-se pela rejeição das preliminares aventadas nas respostas à acusação apresentadas por Gleisi Helena Hoffmann, Paulo Bernardo Silva e Ernesto Krugler Rodrigues e, eis que presentes as condições e requisitos legais, reitera requerimento formulado pelo recebimento da denúncia, com urgente submissão do feito à análise pela 2ª Turma do STF”, afirma Ela Wiecko.

À época, os advogados de Gleisi e Bernardo alegaram que as provas obtidas no inquérito comprovam que a senadora não recebeu propina do esquema de corrupção que funcionava na Petrobras e que a denúncia baseia-se em “declarações contraditórias e inverossímeis”.

Ao acusado cabe o direito de negar os fatos, mas é importante destacar que Gleisi foi acusada por seis delatores da Lava-Jato de ter recebido dinheiro do Petrolão, o maior esquema de corrupção de todos os tempos.

Enquanto a defesa da senadora tenta desqualificar as declarações dos delatores, os mesmos tiveram homologados os respectivos acordos de colaboração premiada. O que permite concluir que as informações prestadas foram devidamente checadas pelas autoridades competentes.

Entre os questionamentos dos advogados, um trata da quebra de sigilo telefônico (de julho a outubro de 2010) da petista, do marido e de outros suspeitos, requisitada pela PF. A senadora entende que o pedido de quebra de sigilo deveria ter sido feito pela PGR e não poderia alcançar pessoas estranhas ao inquérito.

A Procuradoria-Geral da República rebateu a contestação da defesa da senadora, pois mesmo o pedido tendo partido da PF, os dados foram recebidos e analisados pelos procuradores, sob a supervisão do STF.

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