Lava-Jato poderá encontrar mar de corrupção se vasculhar campanhas eleitorais no exterior

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A força-tarefa da Operação Lava-Jato informou que focaria as investigações sobre o Petrolão, maior esquema de corrupção da História, em questões relacionadas à comunicação, mais precisamente nos valores recebidos por agências de propaganda e marqueteiros políticos. A decisão ganhou corpo depois da prisão de João Santana, marqueteiro responsável pelas três últimas campanhas presidências do PT – Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) – e de sua mulher e sócia, Mônica Moura, que encontram-se na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

Como já noticiado pelo UCHO.INFO, há um descompasso entre os valores cobrados por Santana de alguns candidatos, brasileiros e internacionais, o custo real de uma campanha política com chance de sucesso. No caso do presidente-ditador de Angola, José Eduardo dos Santos, que está há quarenta anos no poder e precisa de marqueteiro para se reeleger, Santana e Moura disseram ter recebido US$ 50 milhões.

A exemplo de matéria publicada por este portal, ultrapassa os limites do compreensível o fato de um tirano gastar tamanha fortuna para garantir sua permanência no cargo, se o próprio tem nas mãos condições de manobrar o cenário político local para que a vitória nas urnas seja o que muitos costumam chamar de “barbada”. É fato que o presidente angolano é bilionário, assim como seus familiares, mas US$ 50 milhões em Angola é dinheiro que não cabe sequer no sonho do mais ousado.

Independentemente do preciosismo do trabalho de João Santana para reeleger um ditador, uma campanha em Angola, onde o principal candidato é um ditador, não pode custar mais de US$ 5 milhões. A informação é de marqueteiros experimentados e com participação em diversas campanhas internacionais. Para esses profissionais do marketing político, que falaram com o UCHO.INFO sob condição de anonimato, até porque o mercado é embalado pela autofagia, há muitos fatos estranhos no enredo balbuciado por João Santana e Mônica Moura.


Outro caso idêntico é o da Venezuela, onde Santana e Moura também participaram da reeleição do finado tiranete Hugo Chávez, que à época já carregava Nicolás Maduro a tiracolo. Beira a galhofa a informação de que a empresa de marketing político de Santana tenha recebido US$ 35 milhões para reeleger uma figura autoritária e canhestra como Chávez, que ao longo dos anos transformou a Venezuela em feudo. Os marqueteiros ouvidos pelo site foram uníssonos ao afirmar que a campanha de Hugo Chávez, em 2012, não pode ter custado mais do que US$ 3 milhões.

Sendo assim, fica a dúvida sobre o motivo e o destino do valor cobrado a mais nas duas campanhas (Angola e Venezuela). É importante destacar que, coincidentemente, João Santana fez campanhas em países onde a Construtora Norberto Odebrecht tem negócios bilionários, muitos deles financiados pelo BNDES.

Segundo nossos interlocutores, nos últimos tempos tornou-se normal campanha eleitoral bancada integralmente por empresas, na maioria das vezes empreiteiras. No caso de Angola e da Venezuela, há nos bastidores um enredo macabro de fazer inveja aos experientes produtores de filmes de terror. Isso significa que se a Lava-Jato avançar na seara da comunicação e das campanhas eleitorais, como anunciado, encontrará um verdadeiro pântano a exalar o olor da corrupção.

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