Lava-Jato: Polícia Federal suspeita que cúpula da OAS tentou influir em processos no STJ

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Mensagens obtidas pelos investigadores da Operação Lava-Jato mostram que a cúpula da OAS tentou influenciar votos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em ações referentes à empreiteira. A informação é do jornal “O Globo”.

As suspeitas constam de um relatório da Polícia Federal e se baseiam em conversa travada entre o ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, e o então diretor de Ações Cíveis da companhia, Bruno Menezes Brasil. A PF acredita que a estratégia de garantir votos na corte envolveu a “ajuda” a um filho de um ministro do STJ.

Em agosto de 2012, Pinheiro enviou a seguinte mensagem para Brasil: “Bruno, vou precisar para sexta-feira um resumo das ações de improbidade. Onde vão se concentrar os julgamentos e o tempo. Qdo forem para o STJ quem serão os possíveis julgadores. Se tiver dúvida me ligue. Abs”. O funcionário da área jurídica respondeu: “Para 2014 acho que dá para trabalhar para não ter nenhum julgamento lá. 2015 idem. Só uma dúvida: o senhor quer que façamos a simulação com a intenção de postergar ao máximo a chegada no STJ?”.

Naquele mesmo ano, corria na Justiça de São Paulo uma ação de improbidade administrativa sobre supostos desvios na construção da Avenida Água Espraiada durante a administração dos prefeitos Paulo Maluf (PP) e Celso Pitta (PPB). Em julho de 2012, a Justiça Federal aceitou denúncia por peculato e lavagem de dinheiro contra onze acusados no esquema, entre eles estava Léo Pinheiro. No relatório, a PF não identificou a quais processos as mensagens se referem.


“Fontes abertas indicam que o ministro do STJ José de Castro Meira tem um filho chamado Marcos José Santos Meira, que pode se tratar de Marcos Meira ou o ‘MM’ mencionado nas mensagens”, disse a PF.

Em 11 de outubro, o diretor jurídico escreveu que “MM deu uma posição” e que “não tem como ajudar”. “Deve ser contra. Ele não conseguiu ter certeza do resultado mas não consegue ajudar e acha que virão contra”.

Léo Pinheiro já foi condenado na Operação Lava Jato por 16 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Apenas a título de lembrança, o então promotor de Manhattan (Nova York), Robert Morgenthau, investigou durante anos a fio o esquema de corrupção envolvendo Paulo Maluf no caso da Avenida Água Espraiada, trabalho que desembocou em denúncia contra o ex-prefeito paulistano, que desde então tem o seu nome na lista “difusão vermelha” da Interpol. Por conta dessa situação, Maluf não pode sequer atravessar a Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, sob pena de ser preso e extraditado aos Estados Unidos.

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