Lava-Jato: procurador pede autorização para investigar Aécio Neves e caciques do PMDB

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma série de pedidos de abertura de inquéritos com base na delação premiada do senador Delcídio Amaral (MS), preso em uma das fases da Operação Lava-Jato.

Entre os alvos dos pedidos de investigação estão o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A partir de agora cabe ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, decidir se autoriza ou não a abertura dos inquéritos, com base na solicitação procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Em março passado, Zavascki homologou o acordo de delação premiada de Delcídio firmado com a Procuradoria. Na ocasião, o ministro retirou o sigilo do processo e divulgou a íntegra dos depoimentos prestados pelo senador.

A decisão do procurador-geral, mesmo motivada pelo conteúdo da delação de Delcídio Amaral, confirma o que o UCHO.INFO afirma há mais de uma década. No Brasil, fazer política custa muito dinheiro, sendo que os que entram nesse negócio acabam por se envolver em casos de corrupção como forma de cobrir os altos custos das campanhas eleitorais. Sem contar o desejo criminoso de muitos políticos de enriquecer fácil e rapidamente.

Aécio Neves

De acordo com a colaboração premiada de Delcídio Amaral, o senador mineiro era um dos políticos beneficiados de um esquema de corrupção na estatal Furnas, semelhante ao Petrolão, que durante uma década funcionou de forma deliberada na Petrobras. O delator também citou uma fundação no paraíso fiscal de Liechtenstein da qual Aécio seria o beneficiário.

A assessoria de imprensa de Aécio Neves negou a acusação nesta segunda-feira, por meio de nota oficial, mas disse que o senador considera as investigações “necessárias”, pois vão demonstrar “a correção da sua conduta”.

Há dias, circulou a informação de que emissários de Aécio Neves tentavam negociar com Delcídio uma mudança no depoimento prestado à PGR, como forma de evitar que o tucano fosse alvo de um pedido de investigação.


Eduardo Cunha

Sobre o presidente da Câmara, Delcídio relatou que o deputado fluminense também tinha pessoas indicadas em Furnas. “Este procedimento de fazer requerimentos e usar expedientes parlamentares é muito comum de Eduardo Cunha”, diz um trecho do depoimento.

O pedido de inquérito aponta que Cunha alterou a legislação do setor energético, em 2007 e 2008, em benefício próprio. Segundo Janot, o presidente da Câmara “vem utilizando seu cargo para interesse próprio e fins ilícitos”, diz nota da PGR.

Cúpula do PMDB

Outra investigação solicitada por Janot diz respeito aos senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Jader Barbalho (PMDB-PA), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. A suspeita é de que eles tenham recebido propina em contratos da hidrelétrica de Belo Monte.

Por meio de sua assessoria, Renan declarou que as acusações de Delcídio “não passam de delírio”. Por outro lado não custa lembrar que por ocasião da deflagração da Operação Lava-Jato, um troca de acusações entre Delcídio e Renan chamou a atenção. Por ocasião do fato, um acusava o outro de estar preocupado com os desdobramentos da operação da Polícia Federal.

Marco Maia e Vital do Rêgo

O senador-delator também afirmou que o deputado federal Marco Maia (PT-RS) e o ex-senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) cobravam propina para barrar investigações contra empreiteiros envolvidos na Lava-Jato.

Marco Maia declarou, por meio de nota divulgada na segunda-feira, que a investigação mostrará que ele é “vítima de uma mentira deslavada e descabida”. O petista gaúcho considerou as acusações como “ilações”.

Vital do Rêgo, que hoje é conselheiro do Tribunal de Contas da União, repudiou, também em nota, o que chamou de “ilações desprovidas de qualquer verossimilhança”. É importante ressaltar que o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) está preso em Curitiba por determinação do juiz Sérgio Moro e já mostrou disposição de iniciar entendimentos para acordo de delação premiada. Se isso acontecer, Vital do Rêgo terá sérios problemas.

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