Lava-Jato: STF aceita denúncia e Gleisi e Paulo Bernardo são réus por corrupção e lavagem de dinheiro

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A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (2), por unanimidade, aceitar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (marido da petista) e o empresário curitibano Ernesto Kluger no âmbito da Operação Lava-Jato. Eles são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro e com a decisão tornam-se réus no Petrolão.

O relator da Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki, votou a favor da aceitação da denúncia, sendo acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

De acordo com a acusação da PGR, os três, “agindo de modo livre, consciente e voluntário”, pediram e receberam R$ 1 milhão do “propinoduto” que durante uma década funcionou deliberadamente na Petrobras com o consentimento do governo do PT.

O valor foi solicitado por Paulo Bernardo ao então diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, e pago em quatro parcelas (R$ 250 mil cada) pelo doleiro Alberto Youssef, com a autorização de Lula. O dinheiro sujo abasteceu o caixa 2 da campanha de Gleisi Hoffmann em 2010, quando a petista concorreu ao Senado Federal. O pedido teria sido feito em forma de extorsão, com a promessa de manter Paulo Roberto no cargo.


Durante a sessão da Segunda Turma, o advogado Rodrigo Mudrovitch, que defende a senadora paranaense, negou os crimes e apontou supostas divergências entre as declarações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef nos depoimentos de delação prestados à força-tarefa da Lava-Jato, especialmente em relação à forma como o dinheiro teria sido repassado.

“O colaborador premiado não só fala algo discrepante do que outro colaborador diz, mas também se dá ao luxo de mudar de ideia. E pode mudar de ideia novamente ao longo do processo”, disse o advogado.

Responsável pela defesa de Paulo Bernardo, Verônica Sterman também rebateu a acusação, alegando que não ficou provada a interferência de Paulo Bernardo para manter Paulo Roberto Costa como diretor da estatal.

“Os dois colaboradores negam terem recebido qualquer solicitação. Se Paulo Bernardo não falou nem com um nem com outro, como pode a PGR tê-lo denunciado por corrupção?”, disse a advogada.

Kluger, por sua vez, foi representado na sessão pelo advogado José Carlos Garcia, que negou a participação do cliente nos mencionados crimes. “Não há descrição de participação do fato do autor. Não traz uma linha no sentido de dizer que interferiu no recebimento de propinas na Petrobras”, afirmou.

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