Leucemia Aguda: Comissão de Defesa do Consumidor pode mandar cúpula do Ministério da Saúde pelos ares

(ABr)

Noticiado em primeira mão pelo UCHO.INFO, em 17 de janeiro passado, o nebuloso caso envolvendo a compra do medicamento L-asparaginase de um laboratório chinês, por intermédio de empresa farmacêutica uruguaia, continua rendendo capítulos extras e colocando o governo do peemedebista Michel Temer sob risco de um grave e rumoroso escândalo.

A L-asparaginase é utilizada no tratamento contra a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), doença que atinge principalmente crianças e adolescentes. No Brasil, aproximadamente 4 mil jovens sofrem de LLA e dependem da L-asparaginase para continuar lutando contra a doença.

Depois de rumoroso processo licitatório, o Ministério da Saúde, comandado pelo deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP-PR), tropeçou em explicações nada convincentes sobre a eficácia e a segurança do medicamento. Isso porque o produto foi adquirido com base apenas em relatório sobre procedimentos de fabricação, quando a legislação exige que sejam apresentados os resultados de testes clínicos com o medicamento. Como a China não autoriza o uso desse produto no país, o fabricante não tem como provar a eficácia do mesmo.

A L-asparaginase adquirida às pressas e de forma estranha pelo governo brasileiro tem base química, ao passo que os produtos concorrentes, absolutamente eficazes e confiáveis, são de origem biológica. O Ministério da Saúde poderia ter adquirido a L-asparaginase produzida por laboratórios da Alemanha, Japão e Estados Unidos, adotados em mais de 150 países, mas integrantes da cúpula da pasta optaram pelo menor preço, como se a vida do ser humano pudesse ser medida pela régua financeira.

O caso é tão grave, que durante reunião realizada antes compra um detalhe chamou a atenção de alguns servidores da pasta. Um integrante do Ministério da Saúde disse sem qualquer dose de pudor: “O que vale é o preço, as crianças que morram”.

Durante encontro com representantes de entidades médicas voltadas à oncologia pediátrica, o Ministério da Saúde reconheceu de forma inequívoca a fragilidade do processo de compra e falta de informações e provas sobre a eficácia e a segurança do medicamento chinês. (Clique e confira a íntegra da ata da reunião)


Durante entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, que pegou carona nas matérias deste portal, o ministro Ricardo Barros e o médico Renato Alves Teixeira, cirurgião bariátrico e diretor de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, exalaram nervosismo quando questionados sobre o remédio chinês. Esse excesso de preocupação de Barros e Teixeira sugere a existência de algo errado no negócio que foi contestado por vários servidores de carreira da pasta.

A partir das muitas matérias do UCHO.INFO sobre o tema, a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados está decidida a levar a votação requerimento de convocação dos responsáveis pela polêmica e estranha compra da L-asparaginase produzida na China. Afinal, não se pode aceitar passivamente que pacientes que sofre de leucemia Linfoblástica Aguda sirvam de cobaia para um governo pífio e embalado pela corrupção.

Preocupado com os desdobramentos do escândalo, um dos responsáveis pela aquisição do medicamento chinês procurou “caciques” do Partido Progressista – “dono” do ministério – para que o requerimento de convocação seja derrubado na Comissão de Defesa do Consumidor. Esse ousado pedido, quase uma ordem, teria sido seguido por ameaça. O responsável teria dito à cúpula do PP que se nada for feito, durante a audiência na Comissão revelará aos parlamentares o verdadeiro esquema que existe por trás do negócio. É preciso que o Palácio do Planalto aja com rapidez, antes que um acordo seja negociado nos subterrâneos do Congresso Nacional.

Sempre escorregadio como político, o ministro Ricardo Barros mergulhou em silêncio quase obsequioso depois que o assunto veio à tona, enquanto nos bastidores trata de tecer seguidas duras críticas ao jornalismo do UCHO.INFO, como se fossemos obrigados a concordar com desmandos no âmbito do poder.

De tal modo, não causará surpresa se nos próximos dias o ministro sair de férias, até porque a bruxa anda voando baixo na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. O risco nessa saída estratégica é o presidente da República perceber que o Ministério da Saúde funciona de forma mais eficiente sem a presença de Ricardo Barros, político que não sabe diferenciar analgésico de antipirético. O próximo passo será uma faxina nos cargos de comando da pasta. Com a palavra, o presidente Michel Temer!

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