Líder tucano reconhece denúncia do ucho.info: principais escândalos de corrupção são interligados

marcos_valerio_09Senhor da razão – Demorou, mas o PSDB descobriu que tinha procedência, como ainda tem, a denúncia do ucho.info de que os grandes escândalos de corrupção da recente história brasileira são conexos. O editor do site há anos afirma que o assassinato de Celso Daniel, o Mensalão do PT e os crimes investigados na Operação Satiagraha eram interligados. Como a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, só foi possível porque o editor e o empresário Hermes Magnus denunciaram o esquema criminoso comandado por Alberto Youssef e o finado José Janene, a roubalheira na Petrobras engrossa em rol de crimes conexos na condição de coadjuvante.

Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA) afirmou nesta terça-feira (26) que a descoberta de um elo entre o Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do caia do Mensalão do PT, e o doleiro Alberto Youssef, demonstra a “impressionante extensão dos danos causados pelo governo petista no Estado brasileiro”. “Há um forte indício de conexão entre Mensalão, Operação Lava-Jato, assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e todas as denúncias de corrupção na Petrobras”, alertou o parlamentar.

De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição do último sábado (23), a PF apreendeu no escritório da contadora do doleiro, Meire Bonfim da Silva Poza, cópia de um contrato de empréstimo no valor de R$ 6 milhões celebrado entre Marcos Valério e uma empresa de Ronan Maria Pinto, que atua em Santo André, região metropolitana de São Paulo.

Alberto Youssef foi preso em março pela PF na Operação Lava-Jato, sob acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas que certamente movimentou muito mais do que os R$ 10 bilhões inicialmente anunciados. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, é suspeito de fazer parte da quadrilha que desviava recursos de obras públicas, cobrava propinas de empresários e subornava políticos. Assim como o doleiro, Costa é mantido na carceragem da PF em Curitiba.

Provas de um crime

O valor e o destinatário da transferência que constam no documento coincidem com as informações prestadas pelo operador do Mensalão do PT à Justiça, em 2012. De acordo com as declarações de Marcos Valério, dirigentes do PT lhe pediram R$ 6 milhões para pagar Ronan, encerrando dessa forma as supostas chantagens feitas pelo empresário contra o ex-presidente Lula, o então secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Ronan, afirmou “O Estado de S. Paulo”, “tentava relacionar os três a suspeitas de corrupção na cidade que teriam motivado o assassinato de Celso Daniel”, em janeiro de 2002.

Outra denúncia feita pelo empresário à Justiça, à época, é que o ex-presidente Lula teria negociado com a Portugal Telecom o repasse de R$ 7 milhões para o PT.

Pingos nos is

Para esclarecer a relação entre os fatos considerados até pouco tempo independentes e cobrar informações sobre as providências tomadas a respeito das declarações de Valério, Imbassahy protocolou na segunda-feira (25) dois requerimentos. O primeiro, direcionado ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, questiona detalhes sobre os inquéritos abertos para apurar as denúncias de Marcos Valério, como o nome do delegado responsável, quem já prestou depoimento em cada um deles e em qual deles o ex-presidente Lula foi ouvido.

O líder tucano contesta, inclusive, a conduta de Cardozo após a divulgação do conteúdo do depoimento de Marcos Valério. Na ocasião, o ministro saiu em defesa do ex-presidente Lula, apontado pelo empresário como o chefe do Mensalão. “Quais elementos que levaram Vossa Excelência a considerar, de pronto, que Marcos Valério não tinha como comprovar suas denúncias?”, pergunta Imbassahy.

No segundo requerimento, endereçado ao procurador-geral da República, o deputado pede a instauração de inquérito policial para investigar a denúncia de Valério sobre a participação de Lula no Mensalão e a respeito dos R$ 6 milhões solicitados por dirigentes petistas para pagar o empresário Ronan Maria Pinto.

Ronan nega

O empresário Ronan Maria Pinto alega que não conheceu Marcos Valério, exceto pelo noticiário jornalístico. Da mesma forma nega que seja o proprietário da empresa Remar Agenciamento e Assessoria Ltda. Assim, Ronan diz não saber os motivos pelos quais o tal contrato apreendido pela Polícia Federal estava no escritório da contadora Meire Poza, que prestava serviços ao doleiro Alberto Youssef.

Ronan também rebate a informação de que teria tomado qualquer empréstimo de alguma empresa pertencente a Marcos Valério ou por ele dirigida. Declara obteve créditos na Remar, como em bancos diversos, para o giro de suas atividades empresariais.

Sobre o conteúdo do depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público Federal, o empresário do ABC paulista diz que a declaração que faz menção ao fato já foi publicamente desmentida.

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