Receita conhecida – Até o começo da noite de segunda-feira (28), Luiz Inácio da Silva era o vilão no caso de chantagem ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Bastou crescer a polêmica em torno do assunto, com a possibilidade, mesmo que remota, de uma acareação entre ambos, para que Lula se acovardasse e usasse o instituto que leva o seu nome para divulgar nota em que afirma estar indignado com o conteúdo da matéria publicada pela revista Veja. Ou seja, como nos velhos tempos palacianos, Lula se transformou em vítima e negou ter pressionado o magistrado para conseguir o adiamento do julgamento do Mensalão do PT, o maior escândalo de corrupção da história nacional.
Essa encenação embusteira de Lula não convence quem conhece os bastidores do poder e principalmente a sua larga e notória desfaçatez. Consideradas todas as acusações de petistas contra Gilmar Mendes, o ex-presidente não tinha outro motivo para encontrar o magistrado que não pressionar o ministro na tentativa de postergar o julgamento do caso Mensalão do PT, que, de acordo com a lógica jurídica, deve acabar com muitos condenados.
De agora em diante, a estratégia petista será desconstruir a declaração do ministro Gilmar Mendes e reforçar a artilharia na direção da revista Veja, que desde o começo da CPI do Cachoeira vem sofrendo ataques por parte do PT e dos aliados do Palácio do Planalto. Por conta do insucesso de sua investida, Lula deve sumir de cena até que o assunto decante.
Acontece que a oposição protocolou na Procuradoria-Geral da República um requerimento para que o ex-presidente seja investigado. Caberá ao procurador-geral Roberto Gurgel, recentemente açoitado por petistas, a decisão sobre a abertura de inquérito para investigar o ex-metalúrgico, que, diga-se de passagem, é um cidadão comum como outro qualquer e está sujeito às penas da lei. Em um país minimamente sério Lula já estaria na mira da Justiça, quiçá preso.