Manifestações contra o impeachment foram tão consistentes quanto o discurso de Dilma sobre golpe

Pedro Ladeira - Folhapress)
Pedro Ladeira – Folhapress)

A multidão (sic) que foi às ruas do País nesta quinta-feira (31) em defesa de Dilma Rousseff e contra o impeachment foi tão numerosa quanto forte é a tese da presidente da República de que há em marcha um golpe para apeá-la do cargo. O que mostra que se um golpe está sendo esculpido nos bastidores, este acontece sob o cinzel criminoso do PT, que insiste em não abandonar o projeto bandoleiro de poder.

O que se viu nas ruas de várias cidades brasileiras, em todas as unidades da federação, foram integrantes de sindicatos e movimentos sociais, obrigados a comparecer às manifestações sem saber o real motivo, mas empunhando bandeiras e faixas e gritando palavras de ordem. Para dar ar de veracidade aos protestos, Dilma recebeu em palácio, ao longo do dia, alguns artistas e intelectuais contrários ao impeachment, como se esses que se dependuram nas benesses governistas fossem capazes de travestir a realidade.

Institutos de pesquisa mostram que mais de dois terços da população são favoráveis ao impedimento da presidente, mas o governo finge que isso é golpe. Pesquisas mostram que 805 da população desaprovam o governo Dilma, mas a horda petista insiste na tese do golpe. Lula, o quase ministro que continua “comprando” deputados em um hotel ao lado do Palácio da Alvorada, postou vídeo nas redes sociais em que destaca o fato de o movimento pró-Dilma estar crescendo e tomando o País. Além de lobista e palestrante, Lula tornou-se especialista em milagre da multiplicação.

Como já era esperado, o número de participantes em todas as manifestações foi inflado pelos organizadores e principalmente pelos petistas. Em muitos locais esse milagroso efeito multiplicador chegou a 500%. Ou seja, se o desespero que reina no Palácio do Planalto é grande, a mentira é ainda maior.

A estratégia palaciana é “vender” à parcela desavisada da sociedade a ideia de que o governo conta com o apoio popular, mas nem isso está sendo alcançado. Porque a realidade do cotidiano mata a mentira oficial ainda no ninho. É fato que a mobilização do PT e dos partidos de esquerda, por meio de sindicatos e movimentos sociais, é capilar e eficiente, mas está longe de conseguir convencer, principalmente em termos de número de manifestantes e objetivo do movimento.


Na Praça da Sé (centro de São Paulo), escolhida estrategicamente pelo PT pelo simbolismo no universo democrático brasileiro, tinha 18 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, mas o Datafolha conseguiu contar 40 mil pessoas no local. Segundo os organizadores, a manifestação contou com 60 mil pessoas. Se no “marco zero” da cidade de São Paulo tinham 40 mil manifestantes, o último protesto contra o governo, na Avenida Paulista, reuniu mais de 2 milhões de indignados com a roubalheira oficial. É preciso que o Datafolha padronize seu método de contar pessoas, sob pena de afundar de vez na vala do descrédito.

Apenas a título de comparação, em 25 de janeiro de 1984, um comício das “Diretas Já” reuniu no mesmo local, a Praça da Sé, 300 mil pessoas, aglomeração que apenas visualmente foi muito maior do que o ato pró-Dilma e contra o impeachment realizado na capital paulista. (Foto ao final da matéria)

Em Brasília (foto no início da matéria), para onde os “companheiros” despacharam 700 ônibus com manifestantes de aluguel, 50 mil pessoas, segundo a PM, protestaram a favor do governo e contra o impeachment diante do Congresso Nacional. Os organizadores do evento anunciaram 200 mil pessoas. Em Porto Alegre, os organizadores do protesto informaram a participação de 80 mil pessoas, enquanto a Brigada Militar calculou 18 mil. Ou seja, a população do Brasil dobrou em questão de uma semana, sem que ninguém percebesse. A mentira oficial é tão acintosa, que os “camaradas” não conseguiram reunir em todo o País o mesmo número de manifestantes que ocuparam a Avenida Paulista no último protesto contra Dilma.

O governo, que abriu os cofres oficiais para comprar parlamentares e garantir a derrubada do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, acredita piamente que as “estrondosas” manifestações desta quinta-feira foram suficientes para convencer os que fazem do mandato eletivo um negócio imundo e ilegal. A opinião pública aponta na direção contrária, a do impeachment, mas Dilma e seu bando não arredam pé enquanto falam de golpe e outros penduricalhos discursivos.

A sociedade brasileira precisa reagir com celeridade e firmeza, não contra esses protestos de encomenda e bem pagos, mas contra o escambo que vem ocorrendo nos subterrâneos do poder central, como se no País inexistissem leis para coibir essa prática criminosa. Além da promessa de liberação de verbas para obras nos redutos eleitorais dos “vendidos”, dinheiro grosso e vivo está correndo solto na capital dos brasileiros.

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