Matarazzo junta-se a Marta Suplicy e disputa pela prefeitura de SP torna-se ainda mais acirrada

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Os preparativos para a disputa pela prefeitura de São Paulo continuam em ritmo acelerado, especialmente porque os partidos estão na reta final da definição de candidatos. Enquanto o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP) aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal para saber se poderá concorrer à prefeitura paulistana – ou será em breve um “ficha suja” – outros candidatos fazem nos bastidores costuras políticas até então impensáveis.

Depois de deixar o PSDB por discordar da forma como se deram as prévias partidárias, o vereador Andrea Matarazzo aterrissou no PSD e até o final de semana era o candidato da legenda ao comando da maior cidade brasileira.

Pressionado por integrantes do seu novo partido, a começar por Gilberto Kassab – presidente licenciado da legenda e ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Matarazzo desistiu da candidatura para aliar-se à ex-petista Marta Suplicy, agora no PMDB. O vereador será vice na chapa de Marta e com isso dificultará a vida de João Doria, candidato do PSDB que conta com as bênçãos do governador de São Paulo, mas ainda não empolgou o eleitorado.

Doria não apenas é um candidato sem penetração na porção do eleitorado que decide a disputa, mas conta com a rejeição de muitos caciques do PSDB, em especial de Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência da República em 2018 e que precisa do caminho dinheiro, algo que seu novo pupilo conhece bem e com muita intimidade.

Ademais, a chapa Marta-Andrea joga por terra as negociações avançadas entre o PMDB e o PTB. Presidente estadual do PTB, Campos Machado negociava a vaga de vice para a sua mulher, Marlene Machado, que com a nova decisão uniuse a Celso Russomanno. Afinal, Campos Machado trabalhou com Russomanno na última eleição.

A parceria entre Marta Suplicy e Andrea Matarazzo já está sendo chamada de chapa “Milionária e Zé Rico”, em alusão a dupla sertaneja homônima. Com a chegada de Matarazzo, Marta, cujo sobrenome de solteira é Smith de Vasconcellos, se reaproxima do clã familiar do ex-marido, Eduardo Matarazzo Suplicy, candidato a vereador pelo PT e atual secretário de Direitos Humanos da prefeitura paulistana.


Nessa dança de cadeiras de última hora há muitos detalhes a serem considerados, mas no caso dessa aproximação entre Marta e Andrea alguns pontos chamam a atenção. O primeiro deles é de ordem política. Chefão do PSD, Gilberto Kassab ainda não desistiu de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Para isso precisa pavimentar o caminho a partir da prefeitura da capital, seara que conhece bem, pois foi prefeito em dois mandatos.

Andrea Matarazzo é ligado ao senador licenciado e ministro José Serra, que também é próximo de Kassab. Em outro ponto do tucanato, Matarazzo tem boas relações com o ex-governador Alberto Goldman e o senador José Aníbal. Os três tucanos – Serra, Goldman e Aníbal – defenderam até o final a candidatura de Matarazzo.

Como se sabe, José Serra também não desistiu de chegar ao Palácio do Planalto, mesmo que para tanto precise mudar de partido. E o PMDB pode ser o seu destino mais provável. Em 2018, Serra seria candidato à Presidência da República possivelmente pelo PMDB, com o apoio do presidente em exercício Michel Temer, mas apoiaria Kassab ao governo paulista, eu levaria José Aníbal como vice. No caso de perder a eleição à prefeitura de São Paulo, Marta continuará como senadora, mas antes disso será voto importante a favor do impeachment de Dilma.

E não causará surpresa se em breve for recompensada com um cargo na Esplanada dos Ministérios. Por trás desse complexo enxadrismo político está ninguém menos que Michel Temer, que apesar da sua fala mansa e concatenada tem visão de lince quando o assunto é político. Não por acaso, chegou à Presidência sem maiores desgastes.

O segundo detalhe, de ordem pessoal, é mais delicado. Na campanha de 2008, quando concorreu à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy colocou em xeque a masculinidade de Gilberto Kassab, que foi reeleito. Marta, então no PT, disse com doses de maldade que seu adversário era solteiro e não tinha filhos. A descabida declaração causou enorme estrago político e Marta precisou se explicar. Oito anos depois, Kassab e Marta não se lembram do entrevero discriminatório ou fingem que esqueceram. Até porque, a política tem fatos que ultrapassam os limites do inexplicável.

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