Mea culpa do PT teve curta duração e partido volta a se agarrar à história para blindar Lula

Validade vencida – Não demorou muito tempo para o PT cair em contradição e anular o discurso visguento em que quase fazia uma mea culpa diante das transgressões que cometeu e dos casos de corrupção em que se envolveu. Como antecipou o ucho.info, o palavrório de encomenda dos últimos dias era prenúncio de que estava em marcha uma campanha para blindar Lula, na tentativa de evitar que o ex-metalúrgico acabe investigado pelo Ministério Público Federal ou até mesmo por uma CPI no Congresso Nacional.

O PT chegou ao poder central a bordo do discurso da ética e da moralidade, mas de 2003 para cá recobriu com uma carapaça de messianismo e não aceita críticas por seus atos absurdos que comete.

No documento em que defende a necessidade de um discurso próprio sobre os dez anos no comando do governo federal, o PT volta a apelar à vitimização e alega ser alvo de uma campanha de desmoralização. O acinte ultrapasse os limites quando, no documento, Lula é comparado a Getúlio Vargas e João Goulart.

Batizado como “carta convocatória” para o quinto congresso nacional do PT, o documento é assinado pela direção da legenda e lista os temas que serão discutidos durante o encontro partidário.

Na tal “carta convocatória”, o PT afirma que Getúlio e Jango foram vítimas de “insidiosa campanha de forças políticas” que tinham como objetivo a desestabilização de seus respectivos governos, processo semelhante ao que vem sendo orquestrado desde 2003 para desconstruir Lula.

De personalidade aparentemente forte, mas fraco em sua intimidade, Getúlio Vargas suicidou-se no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Na carta-testamento que deixou, Getúlio tratou seu ato de covardia como uma resposta às “forças e interesses contra o povo”. Populismo barato de quem não teve coragem de enfrentar o contraditório.

Jango, logo depois de assumir no vácuo da renúncia de Jânio Quadros, se alinhou em demasia à esquerda e acabou deposto em 1964, abrindo caminho para a ditadura militar.

“A partir de 2003, de forma intermitente, tratou-se de anular os notórios êxitos do governo, com campanhas que procuravam ou desconstruir as realizações do governo Lula ou tachá-lo de ‘incapaz’ e ‘corrupto'”, destaca a direção do PT no documento.

“Sabe-se que denúncias de corrupção sempre foram utilizadas pelos conservadores no Brasil para desestabilizar governos populares, como os já citados casos de Vargas e Goulart”, conclui.

O texto, por questões de covardia já conhecida, não menciona o escândalo de corrupção que ficou conhecido como Mensalão do PT e o seu julgamento no Supremo Tribunal Federal, que condenou, inclusive à prisão, ex-dirigente e homens fortes do partido, todos envolvidos no criminoso esquema de desvio de dinheiro público e compra de parlamentares no Congresso Nacional.

Como os petistas sempre precisam de uma muleta da história para justificar os crimes que cometem, a “carta convocatória” cita implicitamente o escândalo do mensalão ao afirmar que “grandes episódios de corrupção” dos governos FHC (1995-2002) e Fernando Collor (1990-1992) “nunca mereceram investigação que levasse seus responsáveis à punição pela Justiça”.

É importante lembrar a esses detratores da pátria que o escândalo de corrupção que derrubou Fernando Collor é tão ínfimo se comparado ao Mensalão do PT, que nos dias atuais seria solucionado no juizado de pequenas causas. Collor não apenas foi investigado, mas acabou despejado do Palácio do Planalto, o que o inseriu na história como o primeiro presidente brasileiro a ser alvo de impeachment.

Em relação ao governo de FHC, os casos de corrupção deveriam ter sido investigados a partir de um movimento do PT no Congresso Nacional. Se ao longo de uma década o partido, que reúne herdeiros de Aladim e parentes de Messias, nada fez, não será agora que a era tucana servirá de tábua de salvação para uma legenda que transformou-se em quadrilha e está ameaçada de ser implodida pelo comportamento de seus próprios integrantes.

O PT envolve-se em um sem fim de escândalos de corrupção, mas a culpa é sempre da imprensa, dos partidos de oposição e, mais recentemente, do Judiciário, que juntos diariamente rabiscam um plano de golpe para eliminar o partido que protagonizou o período mais corrupto da história nacional.

O PT deveria olhar-se no espelho e se convencer que é necessária uma profunda assepsia nas entranhas da legenda, pois o punhado de escândalos de corrupção que aí está coloca o messiânico Lula na mira da Justiça. Destaca a Constituição Federal, se é que os petistas não sabem, que todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza. E como tal Lula deve ser julgado e condenado, se for o caso, com o rigor da lei.

Resumindo, é de camelô a fantasia de cordeiro que o lobo vestiu nos últimos dias, que ao rasgar deixou novamente à mostrar a periculosidade de um partido político que age de forma predatória.