Mercado de trabalho aponta para a estabilidade, revela FGV, e o cenário que a imprensa não mostra

Contagem regressiva – Nesta sexta-feira (11), a Fundação Getúlio Vargas divulgou o Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), que em setembro ficou praticamente estável, com variação de 0,1%, na comparação com agosto. O índice da FGV antecipa as tendências do mercado de trabalho, tendo como referência consulta a consumidores e empresários do segmento da indústria e de serviços.

Entre as ferramentas usadas para medir o Iaemp, a que registrou maior alta foi a expectativa dos entrevistados de encontrar um emprego na região em que moram (4,3%). No contraponto, os empresários do setor de serviços estão menos otimistas em relação à contratação de trabalhadores no médio prazo, o que ficou claro no recuo de 1,1% do componente que avalia esse cenário.

Por sua vez, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), também da FGV, apontou recuo de 0,5% na percepção do consumidor sobre o mercado de trabalho. Essa piora foi mais acentuada nas duas menores faixas de renda, entre quatro analisadas. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, piorou em 0,7% a avaliação dos entrevistados com renda mensal abaixo de R$ 2,1 mil, enquanto os com renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 registrou piora de 0,8%.

A imprensa, como sempre, não se incomoda com sua visão obtusa acerca dos fatos ou age a mando de alguém. Ao noticiar-se fato tão importante é necessário livrar-se da miopia interpretativa, pois análises pontuais não cabem neste caso. O mercado de trabalho atingiu sua estabilidade, não havendo portanto nenhuma expectativa de colossal melhora de agora em diante.

O cenário torna-se ainda mais preocupante quando analisados alguns fatores. O primeiro deles é que a mão de obra brasileira é desqualificada, o que também explica o fato de dois terços da população economicamente ativa receber menos de dois salários mínimos mensais. Situação que não permite ao governo apostar por mais tempo na teoria de reversão da crise através do consumo. Ademais, o consumidor já está endividado muito além do limite, pois acreditou nas promessas ufanistas do lobista Lula.

O segundo fator que a imprensa ignora é que a baixa remuneração salarial, que vem piorando nas novas contratações, faz com que o volume de contribuição à Previdência Social caia em números absolutos. Ou seja, o montante de dinheiro que chega aos cofres da Previdência não acompanha proporcionalmente o número de cidadãos que ingressam no mercado de trabalho. Com isso torna-se mais difícil para o governo cumprir com suas obrigações no campo das aposentadorias e pensões.

O conceito básico previdenciário pode ser traduzido pela figura geométrica de uma pirâmide, onde a base contribui para remunerar os que chegaram ao topo. Acontece que essa pirâmide há muito vem sofrendo um lento e contínuo processo de deformação geométrica, o que tem obrigado a Previdência a desembolsar cada vez mais para cumprir suas obrigações. Fora isso, a expectativa de vida do brasileiro cresceu, fazendo com que a população do País esteja mais velha. Para piorar, nos dias atuais a tendência é de as novas famílias se limitarem a um, no máximo dois filhos.

Em suma, o cenário do mercado de trabalho não pode ser contemplado de maneira simplista, mas, sim, de modo panorâmico, uma vez que o problema é infinitamente maior do que o noticiado por uma imprensa cada vez mais amestrada e utópica.