Mercado reduz estimativa de inflação e de crescimento do PIB em 2017; crise política pode piorar cenário

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Quando, na última semana, o Banco Central coletou dados junto ao mercado financeiro sobre o futuro da economia nacional, a crise política que chacoalha o Brasil ainda não havia sido impactada pela delação coletiva do grupo Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato.

Com graves denúncias de corrupção envolvendo figuras destacadas do governo do presidente Michel Temer e do Congresso Nacional, o cenário piorou muito em termos de perspectivas econômicas. Mesmo assim, os analistas consultados pelo BC reduziram a estimativa de inflação deste ano.

De acordo com o Boletim Focus, os economistas reduziram a projeção do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de R$ 6,69% para 6,52%, índice pouco acima do teto (6,5%) do plano de metas estabelecido pelo governo federal.

Em relação a 2017, a expectativa do mercado financeiro para a inflação oficial recuou de 4,93% para 4,90%, índice que também abaixo do teto de 6% fixado para o próximo ano, mas acima da meta central de inflação, que é de 4,5%.

Esse recuo na projeção de inflação para 2017 não é fruto de medidas econômicas adotadas pelo governo, mas resultado da perspectiva cada vez mais preocupante de queda no consumo. Os brasileiros estão assustados com a crise política, que vem afetando diretamente a economia.

No tocante ao Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas do mercado aumentaram a previsão de encolhimento da economia em 2016, que passou de 3,43%, na avaliação anterior, para 3,48%. Sobre o PIB de 2017, os analistas apostam em crescimento da economia na casa de 0,70%, contra 0,80% da estimativa anterior.


É importante destacar que o desempenho da economia brasileira para o próximo ano já foi estimado em 1,5%, mas alguns especialistas consultados pelo UCHO.INFO apostam em mais um ano de PIB negativo. O que significa piora da economia como um todo.

No que se refere à taxa básica de juro, a Selic, o mercado manteve a expectativa de que o mais temido fantasma da economia chegará ao final de 2017 em 10,50%. Essa aposta reflete a confiança do mercado no movimento do Comitê de Política Econômica (Copom) de cortar a Selic.

No caso de se confirmar essa projeção para a Selic, em 2017, ainda é cedo para afirmar que o consumo ingressará em rota de recuperação. Isso porque a economia brasileira continua dependendo da aprovação de medidas de ajuste fiscal, as quais visam tirar o Brasil do atoleiro da crise.

No contraponto, essa aposta em relação à Selic pode não se concretizar, pois o índice poderá reverter essa suposta trajetória de queda em razão da interferência do cenário internacional. Caso os Estados Unidos decidam elevar a taxa de juro, por certo os investidores direcionarão suas economias para o mercado ianque, em especial para títulos do Tesouro norte-americano. De tal modo, para manter a atratividade do mercado brasileiro, o BC terá de interromper o processo de redução da taxa básica de juro.

Em outro vértice desse cenário está a grave crise política, que aumentará à medida que avançar a delação da Odebrecht. A situação é tão delicada, que já começa a crescer o movimento pela renúncia de Michel Temer e a convocação de novas eleições. Diante dessa nova realidade, a ordem primeira no Palácio do Planalto é fazer o impossível para levar o governo até o final de 2018.

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