Mercado reduz mais uma vez a projeção de inflação; melhora de índices é fruto da crise econômica

Consultados pelo Banco Central, como acontece semanalmente, economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País, reduziram pela terceira vez consecutiva a projeção para a inflação oficial de 2017. A estimativa dos especialistas aponta recuou do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,15% para 4,12%. A informação consta do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo BC.

A previsão para a inflação está abaixo do centro da meta estabelecida pelo governo, que é 4,5%. A meta tem ainda limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2018, a projeção segue em 4,5%. De nada adianta a estimativa de inflação cair semana após semana, se o consumo continua estagnado. O poder de compra do salário do trabalhador, o elevado índice de desemprego, a inadimplência e a preocupação com o futuro tem comprometido a retomada do crescimento econômico.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas do mercado financeiro apostam em crescimento de 0,47%, contra 0,48% da previsão anterior. Para 2018, o mercado manteve a estimativa de crescimento da economia na casa de 2,5%. Há meses, governo e economistas previam crescimento econômico na casa de 1% em 2017, mas a realidade começa a mostrar suas garras.


É importante salientar que a retomada da economia não se dará com base no consumo, que vem caindo de forma consecutiva. Caso o governo não leve a cabo as prometidas reformas estruturais – trabalhista, tributária e previdenciária – a economia brasileira continuará patinando no pântano da crise. A grande questão em relação às reformas está na disposição de deputados e senadores aprovaram as respectivas matérias, ciente de que a aprovação das mesmas significará dificuldade de reeleição. Afinal, as reformas prometidas têm sido contestadas pela opinião pública.

No tocante à taxa básica de juro, os economistas consultados pelo BC estimam que a Selic encerrará o corrente ano em 9%. Para o final de 2018, a expectativa permanece em 8,50% ao ano. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano. A queda na taxa básica de juro não tem chegado ao consumidor final, que continua encontrando crédito caro e difícil para financiar eventuais compras. A previsão de recuo da Selic interessa aos grandes tomadores de crédito, mas também e principalmente ao governo no momento da rolagem da dívida.

Como vem afirmando o UCHO.INFO nos últimos meses, a melhora dos índices econômicos não é fruto de medidas adotadas pelo Palácio do Planalto, mas reflexo imediato da mais grave crise da história nacional. Enquanto o governo não adotar medidas impactantes, a competente equipe econômica terá pouco a fazer.

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