Ministério Público abre investigação para apurar denúncia sobre os cavalos secretos de Requião

roberto_requiao_18Política de estrebaria – Só cresce a tensão entre o PT da senadora Gleisi Hoffmann e o PMDB do senador Roberto Requião, no Paraná. O Ministério Público paranaense designou a promotora Cláudia Cristina Martins Madalozo para investigar a denúncia, formulada pelos “gleisistas”, de que 88 cavalos de propriedade do então governador, usados para cavalgadas matinais com os amigos, teriam recebido cuidados do regimento montado da Polícia Militar do Paraná durante o período em que Requião esteve no Palácio Iguaçu. A PM estima que cada animal tenha custado entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por mês. Cálculos não oficiais indicam que podem ter sido gastos até R$ 5 milhões com os quadrúpedes de Requião, cujo currículo mostra seu apreço por coices em adversários e desafetos.

A partir da denúncia do PT, a Polícia Militar do Paraná decidiu abrir uma investigação para verificar o uso de recursos e estrutura da corporação para tratar os cavalos do então governador, que no universo da maledicência é conhecido como “Maria Louca”. A promotora destacada para a investigação não quis comentar o caso. De acordo com a assessoria do Ministério Público, o procedimento preparatório tem como objetivo levantar dados sobre o caso para verificar se há elementos suficientes para a abertura de ação.

A iniciativa do MP surgiu a partir de notícias publicadas no jornal “Gazeta do Povo” sobre as suspeitas de irregularidades graves e lesão ao patrimônio público no manejo da tropa particular do ex-governador com recursos do erário. A investigação do Ministério Público corre independentemente do inquérito aberto pela PM. Contudo, de acordo com a assessoria do MP, informações que constam no inquérito da Polícia Militar podem ser utilizadas no caso de uma ação ser aberta pelo Ministério Público.

Em abril deste ano, uma denúncia sobre os cuidados com os cavalos de Requião levou a PM a fazer diligências no regimento de Polícia Montada e no Centro Veterinário, localizados no bairro do Tarumã, em Curitiba. Documentos foram apreendidos para verificar a origem e a utilização dos animais. A reportagem da “Gazeta do Povo” teve acesso a arquivos do regimento de Polícia Montada.

A denúncia produz inúmeros embaraços para o senador peemedebista Roberto Requião, além do envolvimento em evidente ilícito – utilizar dinheiro público para manutenção de bens privados. Em termos políticos o episódio está sendo considerado desastroso, sem contar que derruba o discurso austero do ex-governador. Sai de cena o pregador da Carta de Puebla (opção preferencial pelos pobres) e entra um político com hábitos e desfrutes de aristocrata rural que mantém seu lazer hedonista à custa do suado dinheiro do contribuinte.

Durante o período em que governou o Paraná, Requião morou na Granja do Canguiri, propriedade rural do governo do estado, e se dedicava a cavalgadas matinais diárias com os amigos. Para fornecer montarias a um enorme grupo de áulicos, Requião reuniu (comprou e, principalmente, ganhou) 88 cavalos.

A manutenção dessa tropa era complexa e ao mesmo tempo onerosa. Roberto Requião passou a conta para o contribuinte e determinou que os animais fossem mantidos e bancados pelo regimento da Polícia Montada da PM. Quando deixou o governo, a mesma PM foi encarregada de transportar a tropa para uma propriedade particular na cidade de Campo Largo.

Lotado, à época, no regimento da Polícia Montada, um oficial foi ouvido pela reportagem da “Gazeta do Povo” e explicou que a justificativa dada para a corporação abrigar e tratar dos cavalos era de que, ao final do mandato, eles seriam doados para a cavalaria da corporação, o que não ocorreu. “No final do mandato dele, dos 88 animais, 29 foram doados para a corporação. Os outros 59 foram levados para um haras particular em Campo Largo. Todo o transporte foi feito por policias militares com equipamento da corporação, como um serviço normal”, diz o policial.

apoio_04