Boi na linha – Causou estranheza recente declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que afirmou em entrevista que o crime organizado em São Paulo está prestes a ser derrotado. Cardozo, que é um político experimentado e um cidadão com conhecimento e formação acadêmica, fala em nome de um governo que sofre de letargia administrativa, mas que recentemente firmou parceria com o Executivo paulista para o combate à violência.
A grande questão da violência na extensa maioria das cidades brasileiras está diretamente vinculada ao tráfico de drogas e ao contrabando de armas. Essas duas modalidades de crime são as responsáveis pela manutenção financeira das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que são signatárias do Foro de São Paulo, movimento que reúne a esquerda latino-americana e define as regras ideológicas a serem impostas na região.
Não é novidade para muitos brasileiros que as Farc mantêm estreito relacionamento com o PT. Francisco Antonio Cadena Collazos, também conhecido como Olivério Medina, representante da organização narco-terrorista no Brasil, foi preso a pedido do governo colombiano, que ainda o acusa de terrorismo e assassinatos. Enquanto aguardava o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, do pedido extradição, que acabou arquivado, Medina conseguiu que o companheiro Lula empregasse sua mulher na máquina federal, em Brasília. Em 29 de dezembro de 2006, no apagar das luzes daquele ano, Angela Maria Slongo foi nomeada para o cargo de oficial de gabinete por Altemir Gregolin, então ministro-chefe da Secretaria da Pesca, pasta que estava subordinada diretamente ao gabinete do camarada Lula.
O escambo da cocaína
Vale recuar no tempo e lembrar que em um dos computadores de Raúl Reyes, um dos chefões das Farc morto pelos soldados colombianos, havia uma mensagem de Medina informando que contava com o apoio da “cúpula do governo brasileiro”, em especial do ministro Celso Amorim, à época no comando do Itamaraty, atual ministro da Defesa. Por ocasião da morte de Reyes, o jornal colombiano “El Tiempo” publicou matéria em que afirmava que o papel de Olivério Medina no Brasil era “trocar cocaína por armas e fazer o recrutamento de simpatizantes”.
Em relação à troca de drogas por armas, os militares colombianos encontraram nos computadores de Raúl Reyes mensagens que citavam um brasileiro de nome “Acácio”, identificado posteriormente como “Negro Acácio”, sócio de Luiz Fernando da Costa, o narcotraficante Fernandinho Beira-Mar, que no período em que estava foragido da Justiça brasileira ficou sobre a proteção das Farc na selva da Colômbia.
Dinheiro das Farc no caixa do PT
Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) acusou Olivério Medina de ter oferecido dinheiro das Farc (US$ 5 milhões) à campanha de candidatos petistas, em 2002, inclusive à de Lula. O assunto vazou e alcançou a Esplanada dos Ministérios, contrapondo o então deputado federal Alberto Fraga (DF). Que teve acesso aos documentos, e o líder do governo no Senado, à época Aloizio Mercadante, que prometeu processar o parlamentar por difamação, o que não se concretizou.
Quando o assunto começou a ganhar corpo, a turma do “deixa disso” entrou em ação e abafou o assunto. O então diretor-geral da Abin, Mauro Marcelo de Lima e Silva, disse à época que os documentos que embasaram reportagem poderiam estar incorretos. Porém, Mauro Marcelo não disse que os documentos eram falsos. Responsável pela chefia do gabinete de Segurança da Presidência, à época da eclosão do escândalo, o general Jorge Félix reforçou a declaração do diretor da Abin.
Delegado da Polícia Civil de São Paulo, Mauro Marcelo de Lima e Silva foi um dos responsáveis pela segurança da campanha de Lula, em 2002, e por conta disso foi alçado ao comando da Abin.
Traficantes colombianos no Brasil
Há no Brasil inúmeros agentes das Farc, que não são incomodados pelo governo por motivos óbvios. As Farc perderam espaço na Colômbia e também na selva do vizinho país, mas avançaram seus tentáculos na direção do Brasil, onde atuam nos principais pontos de tráfico de drogas, sempre usando criminosos locais como cortina de fumaça. Isso explica a facilidade com que armas longas entram com tanta facilidade no território nacional.
Por comandar atualmente o tráfico na América do Sul, as Farc têm conexão com os principais líderes das facções criminosas que atuam dentro e fora dos presídios brasileiros. Ao mesmo tempo, pelo viés ideológico, os narco-terroristas mantêm conexões nos três Poderes, como pode já ser constatado por fatos inquestionáveis, os quais culminaram com a prisão de políticos, a exoneração de servidores e a aposentadoria magistrados envolvidos com o tráfico.
Cuidados com Chávez e o contrabando de nióbio
Por outro lado, as Farc recebem atualmente proteção e apoio financeiro do moribundo Hugo Chávez, que agoniza em hospital de Havana. Nos bastidores da acirrada disputa pelo poder na Venezuela, o vice-presidente Nicolás Maduro enviou um assessor a Washington com o objetivo de convencer a DEA (Drg Enforcement Agency) a enquadrar Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Venezuelana e acusado de ser o chefe do tráfico de drogas no país, com o apoio de militares e o conhecimento de Chávez.
As autoridades brasileiras não querem se indispor com Chávez, não apenas por questões ideológicas, mas porque a Venezuela é a porta de saída para o mundo do nióbio contrabandeado do Brasil. Qualquer frente de atrito, inclusive envolvendo as Farc, seria o suficiente para o esquema criminoso vir à tona.
Xis da questão
Diante de todo esse cenário aqui relatado e da afirmação do ministro da Justiça a respeito da derrota do crime organizado que atua em São Paulo, fica aqui uma pergunta que não quer calar. O que a competente e reconhecida polícia paulista deixou de fazer ao logo dos anos que o governo federal conseguiu em questão de semanas? Com a palavra o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo!