Ministro da Justiça se acovarda e deixa de criticar ação truculenta da Polícia Militar do Distrito Federal

Só os adversários – Coragem não é o forte da extensa maioria dos políticos, mas a esperança é a última que morre. O mesmo ocorre com a coerência, mercadoria rara nesse universo em que todos fingem aquilo que nem de longe são.

Dado a discursos moralistas e supostamente equilibrados, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, é o que se pode chamar de “metamorfose ambulante” quando o assunto é declaração oficial. Tão logo o vandalismo tomou conta dos protestos em São Paulo, Cardozo surgiu em cena para afirmar que defende o direito à manifestação, mas que é contra o quebra-quebra. O tempo passou e o discurso também. Ao final, o ministro, seguindo a cartilha partidária, condenou o rigor com que atuou a Polícia Militar paulista na tentativa de impedir nova onda de depredações.

Sob motivo injustificável – o aumento em R$ 0,20 das tarifas de transporte público – cada protesto na capital paulista reuniu mais de 10 mil manifestantes e foi marcado por destruição do patrimônio público e privado, além de ter atropelado o direito de ir e vir dos cidadãos. Para conter a violência dos baderneiros de aluguel, a PM usou bombas de efeito moral e balas de borracha. O que a colocou na alça de mira do ministro da Justiça, senhor de opinião mutante.

No último sábado (15), horas antes da abertura da Copa das Confederações, o entorno do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi alvo de um manifestação que reuniu aproximadamente 2 mil pessoas, que protestavam contra os excessivos e absurdos gastos do governo com as obras para a Copa de 2014. Como a presidente tinha confirmado presença na partida em que a seleção brasileira venceu o Japão por três gols a zero, a Polícia Militar do Distrito Federal foi acionada.

Tendo como comandante maior o governador petista Agnelo Queiroz, a PM do Distrito Federal não economizou no quesito truculência. Usou à vontade bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os manifestantes. Como se fosse pouco, uma motocicleta da PM foi utilizada para atropelar um manifestante.

A diferença entre os protestos de São Paulo e o de Brasília são evidentes. Na maior cidade do País, milhões de pessoas tornaram-se reféns dos manifestantes, sem o direito de retornar para casa após o trabalho. A PM paulista agiu para proteger os cidadãos de bem, restabelecer a ordem e impedir a onda de vandalismo, mas é criticada duramente pelo ministro da Justiça. Na capital dos brasileiros, 50 mil pessoas rumavam ao estádio e a presidente Dilma Rousseff não poderia se deparar com o protesto. Mas José Eduardo Cardozo usou a covardia para acionar o seu vergonhoso silêncio.

Como mencionado anteriormente, a esperança é a última que morre e Cardozo pode surpreender o País com pelo menos uma crítica à atuação da PM do Distrito Federal. Basta que o ministro misture coragem e coerência.