Morre o escritor e filósofo italiano Umberto Eco

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O escritor italiano Umberto Eco morreu, na sexta-feira (19), aos 84 anos. De acordo com o jornal italiano “La Repubblica”, o falecimento do autor de “O Nome da Rosa” e “O pêndulo de Foucault” foi confirmado por seus familiares.

Filho de um contador, Eco nasceu na cidade de Alexandria em 1932. O filósofo e linguista tornou-se internacionalmente conhecido após a publicação do romance “O Nome da Rosa”, em 1980. A obra ganhou adaptação para o cinema seis anos mais tarde e foi estrelada pelo ator Sean Connery.

Em 1988, Eco publica o romance “O pêndulo de Foucault”. Seu último livro “O Número Zero”, publicado em 2015, é uma crítica ao jornalismo sensacionalista. Além de romancista, o escritor seguiu carreira acadêmica e foi professor de semiótica na Universidade de Bologna. Ele também lecionou em Yale, em Harvard e na Universidade Columbia.

Umberto Eco foi um dos intelectuais italianos mais conhecidos. Atualmente, era presidente da Escola Superior de Ciências Humanas da Universidade de Bologna. As causas de sua morte não foram divulgadas, mas, de acordo com a imprensa italiana, ele sofria há dois anos de câncer.

Giuliano Pisapia, prefeito de Milão, cidade onde o escritor despediu-se da vida, utilizou o Facebook para homenagear Eco. “Adeus mestre e amigo, gênio do saber, apaixonado por Milão, homem de vasta cultura e de grande paixão política. Milão sem você é triste e pobre. Mas está orgulhosa de ser sua amada cidade. Ter você tão próximo por estes anos foi um grande privilégio”.

A economista italiana Giovanna Melandri lamentou a notícia e destacou que Eco fora “um grandíssimo intelectual e escritor, uma pessoa única e especial”.

A editora italiana Bompiani, que publicou no ano passado seu último livro, também divulgou um comunicado. “Luto na cultura, nos deixou Umberto Eco: Estamos profundamente tristes.”


“Papa da globalização”

Eco recebeu, em 2013, na Argentina, a medalha de ouro à cultura italiana, concedida pela Società Itália Argentina (SIA) durante evento no Ministério das Relações Exteriores da Itália.

Dias depois, o semiólogo comentou a escolha do argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, para comandar a Igreja Católica. Eco definiu o pontífice como “o papa da globalização”, afirmando que Francisco representa algo “absolutamente novo” na história da Igreja Católica.

“Estou convencido que o Papa Francisco está representando um fato absolutamente novo na história da Igreja e, talvez, na história do mundo”, disse Eco em entrevista ao jornal argentino “La Nación”.

Implacável com Berlusconi

Firme em suas críticas políticas, Eco defendeu com tenacidade a saída de Silvio Berlusconi do cargo de primeiro-ministro, no rastro de escândalos sexuais, acusações de corrupção e crises econômicas que abalaram a Itália. Sem alternativa, o bufão Berlusconi renunciou em novembro de 2011. “É o fim de um pesadelo”, disse Eco em entrevista destinada a promover seu novo romance, “O Cemitério de Praga”.

“Teríamos tido esta crise econômica sem Berlusconi, mas o problema teria sido mais leve. Ele não é respeitado no exterior, então não pode representar o país”, disse Umberto Eco na ocasião. (Com agências internacionais)

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