Na CPI do Cachoeira petistas disseram Cabral é “nosso”, agora querem vê-lo pelas costas

sergio_cabral_32Óleo de peroba – É mais fácil e recomendável acreditar em promessa feita por frequentadora de bataclã do que em qualquer outra feita por político. Até porque, nada é mais chulo no Brasil do que a atividade política, degradada nos últimos anos por conta da sensação de impunidade que varreu o País de ponta a ponta.

Criada para terminar em uma enorme e mal cheirosa pizza, a CPI do Cachoeira avançava em suas investigações quando o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado enviando, por celular, uma mensagem nada republicana para o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). Vaccarezza tentava tranquilizar o governador fluminense em relação à ação do PT para barrar a aprovação pela CPI de um requerimento para que Cabral fosse depor sobre sua relação bisonha com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construção e alvo de uma série de denúncias que deram em nada.

Na mensagem, o parlamentar escreveu “A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe você é nosso e nós somos teu”. Para quem desconhece a política nacional poderia até acreditar que se tratava de uma declaração de fidelidade eterna, mas a realidade é bem distinta.

No vácuo do plano de concorrer ao Senado Federal, o peemedebista Sérgio Cabral Filho deixou o governo dentro do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral, passando o bastão para o agora governador Luiz Fernando Pezão. Na segunda-feira (23), em mais uma dessas bizarras manobras que emolduram a política do país, Cabral desistiu de concorrer ao Senado. Alegou que sua decisão foi tomada para preservar as conquistas econômicas e sociais do seu governo, como se sua passagem pelo Palácio Guanabara foi um exemplo de administração pública.

Na tentativa de garantir a reeleição do Luiz Fernando Pezão e não ver os seus escândalos ressuscitados pelo candidato petista ao governo do Rio, Lindbergh Farias, o ex-governador preferiu patrocinar uma costura que garantiu ao democrata César Maia a vaga para concorrer ao Senado na coligação que une o PMDB ao PSB e ao PSDB. Isso porque Maia tinha como prioridade disputar o direito de ocupar o Palácio Guanabara, o que comprometeria o plano de Pezão. Ao mesmo tempo, Cabral há muito já dava sinais de que apoiaria o presidenciável tucano Aécio Neves no estado.

Cabral Filho apostava na boa relação que manteve com o PT ao longo dos últimos onze anos e meio para manter Luiz Fernando Pezão no cargo e viabilizar sua candidatura ao Senado. Como o PT não abriu mão da candidatura de Lindbergh Farias, o ex-governador do Rio resolveu radicalizar.

O PMDB de Cabral não gostou da postura do PT de Lula e Dilma, que insistiu na candidatura do companheiro Lindbergh, assim como os petistas não gostaram da decisão dos peemedebistas do Rio de apoiar o inimigo Aécio. Todo esse enxadrismo político-eleitoral, que servem também para preservar Cabral de alguns ataques por parte do PT, mostra que na política ninguém é de ninguém. E que no momento em que enviou a “doce” mensagem a Cabral, o petista Cândido Vaccarezza estava apenas exercitando o que os políticos fazem com invejável maestria: mentir.

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