Na esteira da vitória do “Brexit”, David Cameron anuncia que deixará o cargo em outubro

(S. Wermuth - Reuters)
(S. Wermuth – Reuters)

Ferrenho defensor da permanência do Reino Unido na União Europeia, o primeiro-ministro David Cameron, pressionado politicamente, anunciou que deixará o cargo em outubro próximo. A decisão foi tomada momentos depois da vitória do “Brexit”, que teve 19,6 milhões pela saída do bloco europeu.

O anúncio do político do Partido Conservador deflagrou uma corrida de lideranças dentro da própria legenda, assim como nas agremiações que fazem oposição a Cameron. “Eu não acho que seria certo eu ser o capitão que levará nosso país ao seu próximo destino”, disse Cameron a repórteres em frente ao número 10 da Downing Street, residência oficial do chefe do governo britânico. O premiê disse que já informou a rainha Elizabeth 2ª sobre sua intenção.

A decisão foi tomada a despeito de uma carta de apoio a Cameron assinada por mais de 80 aliados do partido, publicada antes de o resultado do referendo ser conhecido. O documento destaca que o premiê tinha “o dever” de permanecer no cargo independentemente do resultado do referendo, que surpreendeu o planeta e impôs enorme vexame aos institutos de pesquisa, que davam como certa a vitória do “Remain”.


Britânicos votaram pelo “Brexit”

Milhões de britânicos foram às urnas na quinta-feira (23) para votar no referendo sobre o chamado “Brexit”, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Com a contagem encerrada, o “Brexit” venceu com 51,8% dos votos.

As urnas foram abertas às 7h (horário local) e os 382 locais de votação foram fechados às 22h. Mais de 46 milhões de eleitores foram às urnas na quinta-feira, data que ficou marcada como a primeira vez em que um país-membro decidiu deixar o bloco europeu. O resultado deve provocar crises políticas internas e de difícil solução. Durante a divulgação dos números das urnas, ao longo da madrugada e o raiar desta sexta-feira, a libra esterlina começou a oscilar, com direito à maior desvalorização desde 1985.

O desejo da maioria dos eleitores britânicos reforçou mais uma vez o orgulho burro que impera no Reino Unido, que sempre tratou com desdém os países do continente europeu, como se essa suposta e arrogante supremacia fosse benéfica, inclusive à população local.

A argumentação de que a permanência na União Europeia seria uma ameaça ao emprego dos britânicos e levaria à Grã-Bretanha refugiados, evidencia a prepotência de uma nação que não consegue enxergar o óbvio e a necessidade de promover a paz e a interação global. (Com agências internacionais)

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