No primeiro dia de novas regras de segurança, aeroportos registram despreparo do governo

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Definitivamente o Brasil é o paraíso do “faz de conta”. Foi preciso um atentado terrorista em Nice, que deixou 84 mortos e 202 feridos no último dia 14 de julho, para que o governo brasileiro decidisse rever o esquema de segurança para os Jogos Olímpicos do Rio de janeiro, que começam no próximo dia 5 de agosto.

Entre as medidas, adotadas na correria pelo governo, está uma revista mais rigorosa dos passageiros nos aeroportos do País e checagem das bagagens, em as levadas a bordo. Sem qualquer orientação antecipada e detalhada aos passageiros, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) determinou a medida com uma mera canetada, mas não se preocupou em criar nos aeroportos infraestrutura para tanto.

Nesta segunda-feira (18), quando a medida começou a valer, muitos passageiros perderam voos por causa das intermináveis filas que se formaram nos equipamentos de raio-X. Diante do problema, as companhias aéreas informaram que, para evitar problemas, os passageiros deveriam chegar aos aeroportos noventa minutos antes do horário do voo. Com o avanço da confusão, a ANAC ampliou esse prazo para duas horas.


Considerando que um voo entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, na chamada ponte-aérea dura no máximo 35 minutos, chegar ao aeroporto com duas horas de antecedência é uma ode ao absurdo. Ou seja, o voo em si dura um terço do tempo de espera no aeroporto.

Com a mesma despreocupação que marcou a adoção da medida, a ANAC informou que lamenta os transtornos ocorridos nesta segunda-feira em alguns aeroportos brasileiros, reflexo do novo procedimento de inspeção de passageiros e bagagens para embarque em voos domésticos. A ANAC pede a compreensão dos prejudicados, lembrando que a nova medida tem o objetivo de “zelar pela segurança de todos os passageiros e seus familiares no transporte aéreo brasileiro”.

Não se trata de condenar a nova medida de segurança, mas de exigir responsabilidade por parte da ANAC na implantação de um sistema que impeça a formação de filas extensas e a necessidade de chegar aos aeroportos com tanto tempo de antecedência. No caso do aeroporto de Congonhas, na capital paulista, as filas que se formaram nos pórticos de raio-X chegavam ao saguão central do aeroporto. Ou seja, a ANAC está brincando de regular o setor aéreo.

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