Novo motim no presídio de Alcaçuz, o maior do RN, mostra total descontrole por parte do governo

sistema_prisional_1007

Instantes depois de o governador do Rio Grande do Norte (RN), Robinson Faria (PSD), afirmar que a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, estava sob controle, detentos deflagraram mais uma rebelião, mostrando que o caos no sistema carcerário potiguar avança de forma rápida.

Portando pedras, armas feitas de madeira e facões, os rebelados tentaram invadir o pavilhão 5, onde estão detidos integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, facção local, tenta vingar a morte de 26 integrantes do bando, durante rebelião que começou no último sábado (14) e só foi controlada no dia seguinte.

As autoridades estaduais identificaram dez detentos responsáveis pelas rebeliões, sendo que seis deles já foram transferidos de Alcaçuz para um presídio, enquanto outros quatro aguardam remoção. Os destinos desses líderes dos motins não foram revelados e as transferências começaram na tarde desta terça-feira (17).

A briga entre facções no Presídio de Alcaçuz é reflexo dos motins ocorridos em Manaus (Compaj) e Boa Vista (Penitenciária Agrícola Cristo Rei), sendo que o chamado “efeito cascata’ deve alcançar outras unidades do sistema penitenciário nacional, como vem acontecendo em alguns estados, mesmo que em menores proporções.


Ambas as facções – PCC e Sindicato do Crime – montaram barricadas no Presídio de Alcaçuz como forma de enfrentar os rivais e até mesmo uma possível invasão do estabelecimento pelas forças policiais. O governo do RN age no entorno do presídio como forma de evitar fugas e proteger a população local, que cada vez mais teme pelo pior.

A situação é tão caótica, que o governador Robinson Faria solicitou ao governo federal o envio de mais integrantes da Força Nacional de Segurança para tentar retomar o controle de Alcaçuz, que há muito está sob o comando dos presos. Há alguns anos os presos da penitenciária não permanecem nas celas, cujos cadeados sempre estiveram em poder dos criminosos.

O sistema prisional do Rio Grande do Norte, que conta com 33 presídios, entrou em colapso em março de 2015, quando foram gastos R$ 7 milhões para recuperar 14 unidades carcerárias destruídas durante motins. Contudo, as melhorias foram novamente destruídas por presos que circulam livremente entre os pavilhões.

De acordo com informações da Secretaria de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, o sistema penitenciário estadual tem no total 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é de 8 mil detentos, ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.

presidio_alcacuz_1001

apoio_04