O enrolado André Vargas acaba com o suspense dos últimos dias e anuncia que renunciará ao mandato

andre_vargas_10Jogando a toalha – Depois de idas e vindas acerca da sua permanência na Câmara dos Deputados, o petista André Vargas anunciou que na terça-feira (15) renunciará ao mandato, depois de informar, por meio de sua assessoria, que retornaria ao parlamento antes do fim da licença de sessenta dias. Vargas, que já havia renunciado à vice-presidência da Câmara, é acusado pela Polícia Federal de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato.

Vargas e Youssef trocaram mensagens por celular sobre vários assuntos, entre eles o fretamento de um jatinho, usado pelo petista para viajar com a família para o Nordeste, além de várias cobranças sobre pagamentos a supostos consultores, todos envolvidos em um escândalo milionário que passou pelo Ministério da Saúde e contou com a complacência do então ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo.

Com a ajuda financeira de um ex-integrante da outrora república de Alagoas – Pedro Paulo Leoni Ramos –, André Vargas e o doleiro conseguiram erguer um laboratório farmacêutico fantasma, na região de Campinas, que conseguiu um contrato no valor de R$ 150 milhões com o Ministério da Saúde para a produção de medicamento com o mesmo princípio ativo do Viagra. Como o Labogen, de Vargas e Youssef, estava equipado com máquinas sucateadas, o material seria produzido por outro laboratório, que ficaria com metade do lucro da operação criminosa.

André Vargas fez várias ameaças nos últimos dias por conta do abandono por parte do PT, mas a pressão partidária certamente influenciou na sua decisão de renunciar ao mandato. Homem forte do PT do Paraná, Vargas cresceu politicamente no estado nos últimos anos por causa da distribuição de dinheiro a vários candidatos do partido. Escolhido para substituir o pedófilo Eduardo Gaievski na coordenação da campanha de Gleisi Hofmann ao governo paranaense, Vargas chegou a ameaçar a própria senadora petista e marido, ministro Paulo Bernardo da Silva (ministro das Comunicações).

André Vargas não se dava bem o casal e sinalizou com a possibilidade de contar o que sabe sobre a dupla, até porque, em 1999, coordenou a campanha de Paulo Bernardo à Câmara dos Deputados. Como lembrança de sua participação na campanha do agora ministro, Vargas acabou denunciado por caixa 2, uma vez que lavou dinheiro com o doleiro Alberto Youssef. O ex-vice-presidente da Câmara ameaçou revelar detalhes da atuação de Alexandre Padilha no Ministério da Saúde.

A renúncia de André Vargas não significa perda de poder no partido no Paraná, assim como é garantia de que nada escandaloso será revelado. Tudo depende da forma como o PT se comportará em relação a André Vargas de agora em diante. O partido reuniu-se na última semana para decidir o que fazer com o deputado trapalhão, mas, diante da gravidade do escândalo e das consequências, preferiu não expulsá-lo da legenda, pelo menos por enquanto. Como o PT não expulsou do partido os mensaleiros, se fizer isso com André Vargas será uma sequência de tiros pela culatra.