Reticência indesejada – Dilma Rousseff vive um momento crítico em sua campanha pela reeleição, situação que deve piorar nas próximas semanas, não apenas por causa da crise econômica que piora a cada dia, mas por escândalos de corrupção que estão na rota dos desdobramentos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Essa possibilidade de agravamento do calvário de Dilma por conta da Lava-Jato tem se confirmado no Congresso Nacional, onde deputados e senadores da chamada base aliada, além dos petistas, têm se esforçado ao máximo para obstruir as investigações e barrar convocações. Até porque, os parlamentares, orientados pelo Palácio do Planalto, sabem que o assunto tem todos os ingredientes para alcançar a cúpula do Partido dos Trabalhadores, o que seria um golpe fatal nas pretensões políticas da legenda.
Enquanto a tropa de choque do governo atua de forma deliberada no Congresso, contrariando os interesses do Brasil e dos brasileiros, integrantes da Polícia Federal, da Justiça Federal e do Ministério Público Federal avançam nas investigações, que devem trazer a lume um sem fim de novos escândalos.
Nos últimos meses, Dilma e seus “companheiros” deixaram de lado o discurso moralista, até porque não se pode defender com unhas e dentes algo que não se pratica. E combater a corrupção jamais foi o forte do PT depois que chegou ao poder central com a eleição de Lula, o lobista gazeteiro. Ciente de que qualquer incursão na seara do combate à corrupção seria um tiro no pé, o partido deixou o assunto evaporar.
Apesar dessa manobra espúria, autoridades que investigam as ações criminosas constantes da Operação Lava-Jato não demorarão a chegar a novos imbróglios, alguns dos quais com a participação de integrantes do primeiro escalão do governo e figuras conhecidas da política nacional. Um dos pontos de vulnerabilidade é o Ministério das Cidades, mas precisamente no setor de construção de trens urbanos e modais correlatos.
Os operadores desse esquema criminoso que se instalou no Ministério das Cidades se valeram da estrutura comandada pelo doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba e com chance concretas de passar uma longa temporada atrás das grades. Youssef, como se sabe, comandava uma lavanderia financeira com a ajuda de laranjas e empresas de fachada, algumas das quais utilizadas para desviar dinheiro de obras públicas.
Fincado em região nobre da cidade de São Paulo, o quartel-general de Alberto Youssef servia para controlar as operações de meia dúzia de escritórios, todos localizados em ruas próximas, que cuidavam de operações ilegais de câmbio. Um desses satélites da organização criminosa era visitado frequentemente por parlamentares de um dos partidos da base, de onde saíam com polpudas quantias em dinheiro (dólar e real).
No momento em que as autoridades federais vasculharem o bairro do Itaim Bibi, na Zona Sul da capital paulista, por certo metade da República irá ao rés do chão. No local funcionavam muitos dos escritórios ligados ao esquema de Alberto Youssef. O ucho.info identificou uma dessas fortalezas da ilegalidade que operavam sob o guarda-chuva de Youssef. Basta boa vontade da polícia, pois desmontar o esquema e chegar aos responsáveis é mais fácil do que se imagina.